Ella Dominici: Poema ‘Melancolitonia’


é tão monótona a tardezinha que não me aplaca
e ingentil o sol que minha natureza despedaça
quando parte dando aleivosamente sinais de fim
é melancólica a onda rasteira e larga que recua
deixando areia molhada e meio nua
nauseada do dourado, sal-choro me flagra
chegando lua indo o másculo sol sem pena
contrita venho alada engatinhando agachada
joelhos arranhados de grãos-passado ainda
a tarde é longa como o piscar lânguido
as energias ficaram na travessia trêmula
na boca o gosto-nostalgia da língua sôfrega
tarde do domingo domina alma do desejo
beija-me na praia de suaves grãos finos prateados
até que chumbo-noite faça-nos marejados
de mar enfim
Ella Dominici
- Ouro derretido à deriva - 4 de dezembro de 2025
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento


Ella, seu poema é uma pérola melancólica. Portanto, a chuva dela, dentro de mim, é chuva benfazeja!
Sérgio, Gratidão por seu belo e generoso comentário !
Hermoso poema Felicidades Amiga
Gratíssima por seu comentário, amiga Martha Oliveri!