Niterói é um dos municípios mais antigos e importantes do estado do Rio de Janeiro. Localizado na margem leste da Baía de Guanabara, sua história está profundamente ligada ao período monárquico brasileiro


1. Introdução
Niterói é um dos municípios mais antigos e importantes do estado do Rio de Janeiro. Localizado na margem leste da Baía de Guanabara, sua história está profundamente ligada ao período monárquico brasileiro. Durante o Segundo Reinado, Niterói recebeu o título de ‘Cidade Imperial‘, concedido por Dom Pedro II, em 1841, em reconhecimento à sua relevância política e administrativa no contexto do Império do Brasil (IBGE, 1959).
2. Breve histórico
Antes da colonização, o território era habitado por povos indígenas da etnia temiminó, liderados pelo cacique Araribóia, aliado dos portugueses durante o processo de fundação da cidade. O nome ‘Niterói’ tem origem no idioma tupi e significa, segundo as interpretações mais aceitas, ‘água escondida‘ ou ‘baía sinuosa’.
Em 1819, Dom João VI elevou a localidade à categoria de Vila Real da Praia Grande, consolidando-a como um dos primeiros núcleos urbanos da Província Fluminense.
3. Elevação à capital da Província do Rio de Janeiro
Com o Ato Adicional à Constituição de 1824, promulgado em 1834, a então Vila Real da Praia Grande foi elevada à categoria de capital da Província do Rio de Janeiro, uma vez que a cidade do Rio de Janeiro permanecia como capital do Império (IBGE, 1959). Esse acontecimento impulsionou o desenvolvimento urbano e econômico da região, promovendo significativas melhorias em infraestrutura, transportes e serviços públicos.
4. O título de ‘Cidade Imperial’
De acordo com o Decreto nº 93, de 22 de agosto de 1841, Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II, concedeu à cidade de Niterói o título de ‘Imperial Cidade de Niterói’, em reconhecimento à sua relevância política e histórica no contexto do Império do Brasil.
A honraria teve por objetivo reconhecer o papel estratégico de Niterói como sede do governo provincial e símbolo da monarquia brasileira. O brasão municipal passou, então, a incorporar a Coroa Imperial, representando o vínculo direto da cidade com o Império do Brasil.Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1959), o título de ‘Cidade Imperial’ expressava um prestígio singular no cenário político-administrativo do século XIX, conferindo à cidade importância e distinção entre as demais da província.


Cópia do Decreto de 1841, que concedeu o título de Imperial Cidade de Nicterohy. O original integra o acervo da Biblioteca Nacional. O documento foi assinado por Cândido José de Araújo Vianna, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, e traz a rubrica de Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II.

BRASÃO DA CIDADE DE NITERÓI
No terceiro campo do brasão da cidade de Niterói, figura a coroa imperial do Segundo Reinado, em homenagem a Dom Pedro II, que concedeu a Niterói o título de Cidade Imperial. O fundo é verde, cor que representa a renovação e a esperança, mas que é também a cor da Casa de Bragança, da família imperial.
5. Desenvolvimento urbano e cultural durante o Império
O reconhecimento imperial coincidiu com um período de intenso progresso urbano. Em 1835, foram inauguradas as barcas a vapor que faziam a travessia entre Niterói e o Rio de Janeiro; em 1837, foi implantada a iluminação pública a óleo de baleia; e em 1861, iniciou-se o sistema de abastecimento de água encanada (CULTURA NITERÓI, 2020).
O engenheiro francês Pedro Taulois elaborou, em 1841, o Plano da Cidade Nova, que projetava o traçado dos bairros de Icaraí e Santa Rosa.
Além disso, o Chafariz da Memória, localizado na Praça do Rink, foi inaugurado em 1845 por Dom Pedro II, tornando-se um dos marcos urbanos do período.
6. Legado e atualidade da cidade de Niterói como Cidade Imperial
O Legado Imperial
O título de Cidade Imperial não se limitou a uma denominação honorífica. Ele refletiu o reconhecimento do Imperador Dom Pedro II pelo desenvolvimento urbano, cultural e administrativo da cidade, que chegou a ser capital da Província do Rio de Janeiro entre 1834 e 1975, com breves interrupções. Durante o período imperial, Niterói foi sede de importantes instituições, abrigou a elite política fluminense e tornou-se centro irradiador de ideias liberais, educacionais e artísticas.
Entre os marcos desse legado destacam-se:
- A Câmara Municipal, uma das mais antigas do país, símbolo da tradição política local;
- A Igreja de São Lourenço dos Índios, herança do período colonial e referência do encontro entre culturas;
- O Palácio Araribóia e outras construções de estilo eclético e neoclássico, que testemunham a influência arquitetônica do período imperial;
A presença de personalidades ilustres, como Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa e Alberto Torres, que circularam pelos ambientes intelectuais niteroienses.
Niterói na Atualidade: Memória e Continuidade
Hoje, o reconhecimento de Niterói como Cidade Imperial transcende o simbolismo histórico e ganha novas dimensões no campo do patrimônio cultural e da identidade local. A cidade tem investido na preservação de monumentos históricos, no turismo de memória e em eventos cívico-culturais que evocam o período monárquico como parte essencial da formação brasileira.A concessão, pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e outras instituições culturais, do título de Cidade Imperial, reafirma o compromisso de Niterói com a valorização da história nacional e com a educação patrimonial. Além disso, as celebrações relacionadas ao Bicentenário do Nascimento de Dom Pedro II (1825–2025) reavivam o debate sobre o papel de Niterói na construção da nação e na difusão dos valores de civismo, arte e ciência, tão caros ao segundo imperador do Brasil.
Conclusão
Assim, o legado de Niterói como Cidade Imperial permanece vivo na memória coletiva, na arquitetura, na vida cultural e nas políticas públicas voltadas à preservação histórica. A cidade, que outrora foi símbolo do progresso e da civilidade sob o olhar de Dom Pedro II, continua a representar um elo entre o Brasil Imperial e o Brasil Contemporâneo, mantendo-se como patrimônio vivo da monarquia constitucional e da cultura fluminense.
Referências
(Formato ABNT – NBR 6023:2018)
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ABREU, Maurício de Almeida. Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1987.
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Natural de Nova Iguaçu (RJ), é licenciado em História, tecnólogo em evento, pós-graduado em História do Brasil, pós-graduado em História antiga, medieval e contemporânea, pós-graduado em ciências políticas, pós-graduado em Filosofia, pós-graduado em patrimônio histórico, artístico e cultural, jornalista, filósofo, produtor cultural, escritor, coautor de mais de 40 obras literárias, autor de dezenas de pesquisas e artigos históricos, Doutor em Filosofia Univérsica, Ph.I – Philosophos Immortalem, Doctor of Philosophy in Peace da International University of Higher Martial Arts Education, Agente de representação diplomática dinástico-cultural com status de Embaixador Honorário da Organização Internacional de Diplomacia Cultural, Detentor de centenas de títulos, medalhas e condecorações concedidas por instituições no Brasil e no exterior, Presidente da Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes – FEBACLA, Diretor do Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos e Grão-Chanceler Internacional da Paz.

