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Niterói – Cidade Imperial reconhecida pelo Imperador Dom Pedro II

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Niterói é um dos municípios mais antigos e importantes do estado do Rio de Janeiro. Localizado na margem leste da Baía de Guanabara, sua história está profundamente ligada ao período monárquico brasileiro


Dom Alexandre Rurikovich Carvalho
Dom Alexandre Rurikovich Carvalho

Museu de Arte Contemporânea, Câmara Municipal e uma vista aérea de Niterói
Museu de Arte Contemporânea, Câmara Municipal e uma vista aérea de Niterói

1. Introdução

Niterói é um dos municípios mais antigos e importantes do estado do Rio de Janeiro. Localizado na margem leste da Baía de Guanabara, sua história está profundamente ligada ao período monárquico brasileiro. Durante o Segundo Reinado, Niterói recebeu o título de ‘Cidade Imperial‘, concedido por Dom Pedro II, em 1841, em reconhecimento à sua relevância política e administrativa no contexto do Império do Brasil (IBGE, 1959).

2. Breve histórico

Antes da colonização, o território era habitado por povos indígenas da etnia temiminó, liderados pelo cacique Araribóia, aliado dos portugueses durante o processo de fundação da cidade. O nome ‘Niterói’ tem origem no idioma tupi e significa, segundo as interpretações mais aceitas, ‘água escondida‘ ou ‘baía sinuosa’.
Em 1819, Dom João VI elevou a localidade à categoria de Vila Real da Praia Grande, consolidando-a como um dos primeiros núcleos urbanos da Província Fluminense.

3. Elevação à capital da Província do Rio de Janeiro

Com o Ato Adicional à Constituição de 1824, promulgado em 1834, a então Vila Real da Praia Grande foi elevada à categoria de capital da Província do Rio de Janeiro, uma vez que a cidade do Rio de Janeiro permanecia como capital do Império (IBGE, 1959). Esse acontecimento impulsionou o desenvolvimento urbano e econômico da região, promovendo significativas melhorias em infraestrutura, transportes e serviços públicos.

4. O título de ‘Cidade Imperial’

De acordo com o Decreto nº 93, de 22 de agosto de 1841, Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II, concedeu à cidade de Niterói o título de ‘Imperial Cidade de Niterói’, em reconhecimento à sua relevância política e histórica no contexto do Império do Brasil.

A honraria teve por objetivo reconhecer o papel estratégico de Niterói como sede do governo provincial e símbolo da monarquia brasileira. O brasão municipal passou, então, a incorporar a Coroa Imperial, representando o vínculo direto da cidade com o Império do Brasil.Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1959), o título de ‘Cidade Imperial’ expressava um prestígio singular no cenário político-administrativo do século XIX, conferindo à cidade importância e distinção entre as demais da província.

Cópia do Decreto de 1841, que concedeu o título de Imperial Cidade de Nicterohy. O original integra o acervo da Biblioteca Nacional. O documento foi assinado por Cândido José de Araújo Vianna, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, e traz a rubrica de Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II.
Cópia do Decreto de 1841, que concedeu o título de Imperial Cidade de Nicterohy. O original integra o acervo da Biblioteca Nacional. O documento foi assinado por Cândido José de Araújo Vianna, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, e traz a rubrica de Sua Majestade Imperial, Dom Pedro II.

Brasão da cidade de Niterói
BRASÃO DA CIDADE DE NITERÓI
 No terceiro campo do brasão da cidade de Niterói, figura a coroa imperial do Segundo Reinado, em homenagem a Dom Pedro II, que concedeu a Niterói o título de Cidade Imperial. O fundo é verde, cor que representa a renovação e a esperança, mas que é também a cor da Casa de Bragança, da família imperial.

5. Desenvolvimento urbano e cultural durante o Império

O reconhecimento imperial coincidiu com um período de intenso progresso urbano. Em 1835, foram inauguradas as barcas a vapor que faziam a travessia entre Niterói e o Rio de Janeiro; em 1837, foi implantada a iluminação pública a óleo de baleia; e em 1861, iniciou-se o sistema de abastecimento de água encanada (CULTURA NITERÓI, 2020).

O engenheiro francês Pedro Taulois elaborou, em 1841, o Plano da Cidade Nova, que projetava o traçado dos bairros de Icaraí e Santa Rosa.

Além disso, o Chafariz da Memória, localizado na Praça do Rink, foi inaugurado em 1845 por Dom Pedro II, tornando-se um dos marcos urbanos do período.

6. Legado e atualidade da cidade de Niterói como Cidade Imperial

O Legado Imperial

O título de Cidade Imperial não se limitou a uma denominação honorífica. Ele refletiu o reconhecimento do Imperador Dom Pedro II pelo desenvolvimento urbano, cultural e administrativo da cidade, que chegou a ser capital da Província do Rio de Janeiro entre 1834 e 1975, com breves interrupções. Durante o período imperial, Niterói foi sede de importantes instituições, abrigou a elite política fluminense e tornou-se centro irradiador de ideias liberais, educacionais e artísticas.

Entre os marcos desse legado destacam-se:

  • A Câmara Municipal, uma das mais antigas do país, símbolo da tradição política local;

  • A Igreja de São Lourenço dos Índios, herança do período colonial e referência do encontro entre culturas;

  • O Palácio Araribóia e outras construções de estilo eclético e neoclássico, que testemunham a influência arquitetônica do período imperial;

A presença de personalidades ilustres, como Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa e Alberto Torres, que circularam pelos ambientes intelectuais niteroienses.

Niterói na Atualidade: Memória e Continuidade

Hoje, o reconhecimento de Niterói como Cidade Imperial transcende o simbolismo histórico e ganha novas dimensões no campo do patrimônio cultural e da identidade local. A cidade tem investido na preservação de monumentos históricos, no turismo de memória e em eventos cívico-culturais que evocam o período monárquico como parte essencial da formação brasileira.A concessão, pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e outras instituições culturais, do título de Cidade Imperial, reafirma o compromisso de Niterói com a valorização da história nacional e com a educação patrimonial. Além disso, as celebrações relacionadas ao Bicentenário do Nascimento de Dom Pedro II (1825–2025) reavivam o debate sobre o papel de Niterói na construção da nação e na difusão dos valores de civismo, arte e ciência, tão caros ao segundo imperador do Brasil.

Conclusão

Assim, o legado de Niterói como Cidade Imperial permanece vivo na memória coletiva, na arquitetura, na vida cultural e nas políticas públicas voltadas à preservação histórica. A cidade, que outrora foi símbolo do progresso e da civilidade sob o olhar de Dom Pedro II, continua a representar um elo entre o Brasil Imperial e o Brasil Contemporâneo, mantendo-se como patrimônio vivo da monarquia constitucional e da cultura fluminense.

Referências

(Formato ABNT – NBR 6023:2018)

ACHETUDO E REGIÃO. História de Niterói. Disponível em: https://www.achetudoeregiao.com.br/rj/niteroi/historia.htm. Acesso em: 19 out. 2025.

CULTURA NITERÓI. Nictheroy: uma cidade planejada. Fundação de Arte de Niterói (FAN), 2020. Disponível em: https://www.culturaniteroi.com.br/blog/nictheroy/430. Acesso em: 19 out. 2025.

ABREU, Maurício de Almeida. Evolução Urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1987.

CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: Ser ou não Ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (IHGB). Niterói – Cidade Imperial: Reconhecimento Histórico e Cultural. Rio de Janeiro, 2024.

PREFEITURA MUNICIPAL DE NITERÓI. História da Cidade. Disponível em: https://www.niteroi.rj.gov.br. Acesso em: 19 out. 2025.

VASCONCELLOS, Luiz Gonzaga de. História Fluminense: Niterói, Capital da Província. Niterói: EdUFF, 2003.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Enciclopédia dos Municípios Brasileiros – Niterói. Rio de Janeiro: IBGE, 1959. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/biblioteca/visualizacao/dtb/riodejaneiro/niteroi.pdf. Acesso em: 19 out. 2025.

PREFEITURA MUNICIPAL DE NITERÓI. Secretaria Municipal de Cultura e Fundação de Arte de Niterói (FAN). Niterói, 2024.

Dom Alexandre Rurikovich Carvalho

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Dom Alexandre da Silva Camêlo Rurikovich Carvalho
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