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SERGIO DINIZ ENTREVISTA ÉLCIO MÁRIO PINTO
PARA A COLUNA ‘ENTRE NÓS E O PÚBLICO’
Sergio Diniz da Costa: Quem é, pessoal e profissionalmente, o colunista do jornal ROL Élcio Mário Pinto?
Élcio Mário Pinto. Pessoalmente, gosto de ambientes calmos. Fujo de tumultos. Prefiro chuva. Sou mais aquático, que terráqueo. Sinto-me à vontade em cemitérios. Não sou depressivo ou triste. A verdade é sempre o melhor. Relaciono-me bem com crianças. Aprendi a “língua” dos insetos. Opto por escada, não elevador. Para morar, o 2º andar me ajuda a respirar melhor. Profissionalmente, fui professor, coordenador pedagógico, diretor de escola e agora, supervisor de ensino. Defendo a legalidade dos atos do funcionário público. Nada de “barganhas”! O registro confere seriedade e o informal cai no esquecimento, que pode ser proposital. Acredito que os serviços da Administração Pública podem, sempre, melhorar. Sou intolerante com a burocracia que não organiza, só dificulta o acesso das pessoas ao que elas mais precisam, em todos os campos da vida. Se não tenho como ajudar, tenha certeza, não atrapalharei.
SDC. Você foi um seminarista. O que lhe levou a escolher esse caminho religioso e qual foi o motivo pelo qual desistiu da vocação?
EMP. Exatamente no dia 20 de fevereiro de 1985 eu deixava minha amada terra, Angatuba, para ingressar no Seminário Diocesano São Carlos Borromeu de Sorocaba. Antes disso, eu me via com tendência para a vida religiosa. Sentia que nela eu me encontraria. Gostava muito do que fazia, mesmo antes do Seminário. Nele, eu me desenvolvi. Conheci toda a Paróquia Divino Espírito Santo, de Angatuba, entre 1985-1987. Eram mais de 40 comunidades rurais. Conheci a Paróquia São José, Setor Cerrado, de Sorocaba, entre 1988-1989 e a Paróquia São Roque, de Itapetininga, entre 1989-1991. Nestas paróquias, convivi com parte de suas comunidades. Como gostava de estudar e já conhecia bem a Bíblia Católica, além dos trabalhos comunitários que realizava, eu me senti pronto para assumir a nova vida: a de preparação para ser padre. E assim, me tornei seminarista. Eu não desisti da vocação. Aconteceu que, concluído o curso de Filosofia (3 anos em Sorocaba) e o curso de Teologia (4 anos em São Paulo), no último ano, como de costume, fiz o pedido para ser ordenado diácono e depois, padre. Mas, tive duas vezes o “NÃO” como resposta e nunca soube qual foi o verdadeiro motivo da negação. Então, em 2014 comecei a escrever minha história como seminarista e contar, em detalhes, tudo o que vivi na então, Diocese de Sorocaba – hoje Arquidiocese -, sobre minha vida durante o período de seminário: 1985-1991. O livro está em fase final e será lançado no início de 2018, quando completarei 33 anos de meu ingresso no Seminário São Carlos Borromeu. Então, para quem desejar conhecer detalhes e bastidores, entrevistas e todo o cotidiano daquela época, é só aguardar pela publicação que acontecerá em três volumes.
SDC. Como escritor, você iniciou a carreira literária relativamente há pouco tempo. Por que e como se deu essa mudança em tua vida?
EMP. Minha primeira publicação aconteceu em 23/11/2013 com o livro “Cronicranças 1 – Crônicas para Crianças – Perguntanças e Resposteiras”. Eu sempre escrevi bastante, porque, já na infância, gostava de estudar. Meus diários e agendas, todos os rascunhos, histórias, contos e crônicas, tudo estava registrado muito tempo antes da primeira publicação. E aconteceu que, mais ou menos, em maio de 2013, a Adriana, minha esposa, me disse: por que você não publica, como livro, seus materiais escritos? E foi assim que todas as nossas atenções se voltaram para a publicação que aconteceu em novembro daquele ano. Depois disso, a mudança na minha vida foi completa. Comecei a organizar meus escritos enxergando livros, livros e mais livros. Desde então, continuo escrevendo, mas não com o objetivo de guardar para mim. O que faço, agora, é divulgar e espalhar os conteúdos em forma de publicação oficial.
SDC. Além de escritor, você é educador, filósofo e teólogo. As suas obras refletem de alguma forma os conhecimentos e experiências dessas três áreas?
EMP. Sim, refletem. Traduzem minhas longas caminhadas pelas estradas de terra entre as comunidades religiosas de Angatuba, todas iluminadas pela Bíblia e pela Teologia da Libertação, assim como meus trabalhos como funcionário da Eletro Tupi. Também minha convivência como aluno nas Escolas Estaduais “Dr. Fortunato de Camargo” e “Ivens Vieira”. Refletem ainda, minha passagem como seminarista por Sorocaba e Itapetininga. A Filosofia, não tenho dúvidas, é a grande responsável pela valorização da reflexão, do pensamento e busca por seriedade e pela verdade nas pessoas, nas coisas e nas convivências. Nisto, também devo muito às crianças das escolas pelas quais passei. Nelas, a Pedagogia muito me ajudou. Enfim, esta formação acadêmica, além de outros cursos, juntos, me fez mudar e ser o que sou. Longe de qualquer arrogância, devo muito à formação que recebi e à convivência que foi me oferecida.
SDC. Você tem uma série de projetos literários de altíssima importância cultural. Em breves palavras, discorra sobre eles.
EMP. São eles:
1º O escritor em todos os cantos: empresas, escolas, igrejas e instituições podem me convidar. Vou para tratar de Literatura, apresentar as publicações já realizadas e conversar sobre a escrita e a leitura.
2º O escritor na casa do leitor: o leitor me convida e em sua casa tratarei da Literatura e até farei leitura de alguns trechos dos livros publicados. Aqui, trata-se de um ambiente mais intimista, porque é familiar, para poucas pessoas, normalmente.
3º Aves-Símbolos:
- a) “Minha casa tem asas” – a família escolhe uma ave como seu símbolo. Em casa, nós escolhemos a “CAMBACIÇA”, que se parece com um bem-te-vi pequenino;
- b) “Vota asas, escola!” – os alunos, em votação, fazem a escolha da ave e escrevem um conto envolvendo a ave e a escola;
- c) da cidade – tenho algumas publicações a respeito, nos mesmos moldes das escolhas e escrita dos projetos anteriores. Só não me é possível escrever para todas as cidades do Brasil;
- d) “Aves Fabulosas do Brasil”: envolvendo os estados e o Distrito Federal. Este material já está pronto. São 27 contos a serem lançados num só livro. Ainda não definimos a data da publicação.
Outras homenagens estão prontas, como por exemplo, envolvendo as cidades de Mato Grosso, que produzem o girassol. Outras ainda, serão homenageadas em conteúdos já prontos: Itu/SP, Mutum/MG, Santa Branca/SP, Jandira/SP…
SDC. Algum desses projetos foi apresentado fora do Estado de São Paulo? Se sim, qual foi a recepção dele perante os leitores? E você tem tido o apoio dos órgãos públicos nessa empreitada?
EMP. Apresentamos o projeto de aves-símbolos em cidades de Santa Catarina e Paraná em 2015: Morretes/PR e Blumenau, Dona Emma, Indaial, Pomerode e Timbó/SC. Em São Joaquim/SC, a homenagem aconteceu a partir do copo-de-leite. Também fizemos o mesmo, em relação à cidade de Sorocaba em 2016, com o bem-te-vi. Já, os conteúdos homenageando Angatuba, Itapetininga e Votorantim estão prontos, mas sem data definida para publicação. Os leitores têm ótima recepção, mas a falta de apoio dos órgãos públicos dificulta o trabalho de divulgar a Literatura e a própria cidade.
SDC. Em 2015, você foi um dos vencedores do Prêmio Sorocaba de Literatura e, em 2016, teve um livro aprovado pela LINC – Lei de Incentivo à Cultura. Fale um pouco sobre essas obras.
SDC. Em relação ao Prêmio Sorocaba de Literatura 2015, a publicação é de 2014: “A Fonte: o forasteiro, o romeiro, a penitente, o turista e o viajante”. Ambientado no ano de 1949, na cidade de Iguape/SP, os protagonistas se encontram e conversam a respeito da grandiosa festa dos romeiros naquele Santuário. No mês de agosto, Albert Camus, filósofo e escritor franco-argelino, veio da França para conhecer as tradições de fé que aconteciam em Iguape. Lá também estava, para a ficção do autor, o jogador de futebol, Antonio Bonafonte, o “Boi”, importante atleta de diversos times da capital e do interior. Tudo acontece graças a um portal na Gruta do Senhor, um belíssimo espaço arborizado na cidade que ainda hoje, acolhe romeiros de todos os lugares em sua festa de agosto. Já, sobre a LINC 2016, com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da Prefeitura de Sorocaba, o projeto literário aprovado é este: “Pererezadas: jeito sacizeiro de ser”. Trata-se de uma ressignificação do brasileiríssimo SACI-PERERÊ, aqui representando o Alto Paranapanema em suas 36 cidades. O lançamento aconteceu em Sorocaba no dia 19/02/2017, na Pista de Caminhada do Bairro Júlio de Mesquita Filho. Outros eventos estão agendados. É uma ótima possibilidade para que o autor, com o projeto aprovado, divulgue seu trabalho.
SDC. Angatuba, sua terra Natal, é uma típica cidade pequena do Interior do Estado de São Paulo. Essa vivência numa cidade interiorana tem refletido de alguma forma em sua produção literária?
EMP. Completamente. Se pela querida Angatuba derramo lágrimas, também por ela, penso, sinto e escrevo. A ela, dedico meus trabalhos, porque em seus cantos, esquinas, praças, casas e angatubenses, vivi a magia da infância e o crescimento da juventude. Gosto de dizer: eu saí de Angatuba, mas ela nunca saiu de mim.
SDC. Sob a sua ótica, a Educação no Brasil tem contribuído ou afastado as pessoas como leitores e até mesmo futuros escritores? De que forma?
EMP. Penso ser fundamental que não se deve tirar conclusões do todo e do conjunto por alguma parte que se destaca, seja para o bem ou não seja. Assim, se temos 10 escritores num evento e outro tanto de bons leitores, isso não é amostra e não quer dizer que no Brasil, como um todo, aconteça o mesmo. Assim também, falar da Educação de um país sem conhecer suas condições com profundidade, não é possível. De modo geral, creio que nossa educação contribui, mas ainda não é o suficiente. Os estudantes precisam ler e escrever mais do que memorizar fórmulas e regras. Acontece que estamos numa época de valorização exagerada do vestibular. É o que nos faz esquecer que o “V” da Vida é mais importante que o “v” do vestibular. Com ou sem ele, a vida continua.
SDC. Que projetos os seus leitores podem esperar para o futuro?
EMP. Para 2017, além da publicação em volumes de bolso de crônicas para crianças pequenas, aquelas que ainda não sabem ler, por isso, “Cronicrinhas”, estamos planejando conteúdos que tratam dos sentimentos frágeis na convivência, dos conflitos ambientais, preservação da Natureza, mediação escolar e uma história de Natal. Neste, o ambiente será uma sapataria. O grande destaque para este ano será o lançamento, em homenagem a Ariano Suassuna, autor de o Auto da Compadecida, em sua terra natal, Taperoá, na Paraíba, que deve acontecer em meu aniversário, no dia 1º de setembro. Outros projetos já estão prontos, todos para publicação literária, mais ou menos, 50 novas obras. Então, os leitores podem esperar por inúmeras novidades. Já, em 2018, começaremos com a publicação: “Porque não fui padre!”.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.