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Celso Lungaretti: 'O papel histórico de Lula já está encerrado, embora ele e muitos brasileiros desorientados ainda não tenham percebido isto'

CELSO LUNGARETTI: ‘A PERGUNTA PARA A QUAL LULA NÃO TINHA VERDADEIRA RESPOSTA…’

…ninguém parece ter discernimento ou ousadia para fazer, no tribunal ou fora dele. Ei-la:

Qual é, afinal, o motivo de você ambicionar tanto a volta à Presidência da República, se não tem nenhuma resposta para o grande desafio que os brasileiros hoje enfrentam e continuarão enfrentando, cada vez mais, daqui para a frente?

A situação é semelhante a um dos melhores momentos da boa mini-série estadunidense Helena de Troia, de 2003, dirigida por John Kent Harrison.

Quando os contingentes gregos já estão em Troia, o marido traído Menelau e o astucioso Ulisses vão até o rei Príamo para tentarem convencê-lo a lhes entregar Helena por bem.

Príamo pergunta a Menelau: “Mas, para quê?”.

 Surpreso, Menelau responde com a arrogância e o machismo característicos de um rei daquela época: “Porque ela é minha e eu a exijo de volta!”.

Príamo repete a indagação e Menelau dá uma resposta mais agressiva ainda: “Porque se vocês não me devolverem Helena, nosso exército não deixará pedra sobre pedra em Troia!”. E, evidentemente, sai com as mãos abanando.

Lula também quer a presidência da República, mas é incapaz de nos fornecer uma boa justificativa para seu intento.

Uma sintomática charge de maio de 2014

Poderia tê-la obtido em 2014, com o apoio do PT e da grande maioria dos petistas caso se declarasse candidato, devolvendo Dilma Rousseff ao papel secundário do qual a retirara. Ela jamais conseguiria resistir-lhe dentro do partido que Lula criou e do qual foi sempre a expressão máxima aos olhos do povo.

Mas, contrariando a expressiva corrente partidária que pregava o volta Lula!, ele preferiu deixá-la disputar a reeleição.

Poderíamos supor que houvesse sido porque, em meados de 2014, já se prenunciava nitidamente uma recessão econômica e os grandes empresários exigiam, de forma peremptória, as reformas previdenciária (em especial) e trabalhista.

Como o partido não admitia mais a existência de vida fora do capitalismo, tornando letra morta a definição mais importante do seu manifesto de fundação (“O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores”), petista que se elegesse teria de prostrar-se às imposições do poder supremo numa democracia burguesa, qual seja o econômico. Valeria a pena Lula desempenhar tal papel, arcando com toda a impopularidade inerente?

Agora, a marqueteira delatora diz que Lula pretendeu, sim, ser o candidato, mas desistiu face à intransigência de Dilma, que queria porque queria a reeleição. A crermos nisto, os dois personagens estavam com a cabeça no mundo da lua, ignorando o abismo econômico para o qual o País se encaminhava após os erros crassos cometidos por Dilma no seu primeiro mandato.

Missão impossível, fracasso anunciado.

Enfim, por calculismo ou pusilanimidade do Lula, sobrou para a Dilma a tarefa de limpar as cavalariças do rei Augias. Mas, como de Hércules ela nunca teve nada, fracassou miseravelmente. Incumbiu o neoliberal Joaquim Levy de promover arrochos e detonar direitos consolidados, mas não o conseguiu respaldar o suficiente para que tivesse êxito.Então, o fogo amigo dos movimentos sociais vinculados ao petismo e da própria base aliada reduziu os planos de Levy a pó de traque. E, vendo que Dilma não conseguiria lhes entregar o ajuste fiscal prometido, os donos do Brasil, no final de 2015, decidiram rifá-la, substituindo-a por um serviçal mais apto.

Durante sua agônica resistência ao impeachment, que Deus e o mundo sabiam ser fadada ao fracasso, Dilma só foi capaz de alegar, em seu favor, razões políticas (golpe contra a democracia) e jurídicas (questionamento das pedaladas fiscais como motivo suficiente para o impedimento).

Em nenhum momento acenou com uma perspectiva consistente de retomada econômica caso continuasse no poder, talvez porque poderiam atirar-lhe na cara: se você sabe o que é preciso fazer, por que não começa a fazê-lo desde já? 

E, claro, não havia plano de voo nenhum em tal direção, tanto que ela passou seus últimos meses antes da queda num espantoso imobilismo, aparentemente resignada à piora gradativa da situação econômica.

Vem aí uma depressão pior que a dos anos 30

Se Lula, apesar de todos os processos a que responde na Justiça, conseguir eleger-se em 2018, que passe da mágica poderá realizar? Obviamente, nenhum.

Michel Temer tende a conseguir aprovar as reformas que satisfarão o empresariado, mas a situação do capitalismo está se deteriorando tanto e tão rapidamente, em escala mundial, que é impensável Lula voltar a encontrar cenários tão favoráveis ao Brasil quanto os de seu primeiro governo.

Poderá haver uma pequena melhora, sim, mas nem de longe suficiente para saciar o apetite pantagruélico dos exploradores e atender às necessidades básicas dos explorados.

Então, o garoto-propaganda da conciliação de classes não poderá, desta vez, acender uma pequena vela para Deus (o povo) e um enorme maço de velas para o diabo (o grande capital). E se, como consequência, os conflitos sociais explodirem, ele certamente não será o homem certo para comandar nossos efetivos numa luta aberta que passou a vida inteira tentando evitar.

A esquerda precisa começar a forjar novas lideranças, pois delas necessitará imensamente à medida que a crise do capitalismo se agrave, rumo aos desfechos possíveis:

— uma revolução que coloque o bem comum como prioridade suprema, unindo a humanidade nos esforços para sobreviver à depressão econômica cada vez mais próxima (muito pior que a da década de 1930!) e às catástrofes de ordem ambiental, idem;

— a volta à barbárie;

— a extinção da espécie humana.

Nunca a civilização esteve tão ameaçada. E, se quisermos evitar o pior, não temos séculos pela frente; quanto muito, décadas.

O papel histórico do Lula já está encerrado, embora ele e muitos brasileiros desorientados ainda não tenham percebido isto. O que o velho guerreiro precisa, neste momento, é de um merecido repouso (de preferência, fora das grades).

Temos de acreditar que personagens mais aptos emergirão, para conduzirem o povo nos momentos decisivos com que logo começaremos a nos defrontar.

E essas novas novas lideranças não terão nada a ver com urnas e eleições. O tempo das ilusões eleitoeiras também passou na janela e só Carolina não viu…

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