A imagem é impressionante… |
O DataFolha inquiriu 2.834 brasileiros sobre um eventual impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Não considero que, como andei lendo em espaços petistas, fosse vedado ao jornal fazê-lo por inexistirem neste momento razões jurídicas para o impedimento presidencial.
Isto não veda a qualquer cidadão ou entidade o direito de dar entrada num pedido de impeachment, desperdiçando o seu tempo, pois o processo não será aberto. Igualmente, nada existe de ilegal na realização e divulgação de pesquisas a respeito de como o homem comum encara tal questão, desde que os resultados não sejam fraudulentos.
Foi melancólico constatarmos, mais uma vez, o sentimento de impotência do nosso povo diante do sistema, que continuam encarado como algo inacessível, inatingível e impermeável à pressão popular: 83% acreditam que Dilma estava ciente da roubalheira na Petrobrás (57% a veem como conivente e 26% como impotente diante da corrupção) e 63% responderam sim à indagação sobre se o Congresso deveria abrir um processo de impeachment para afastá-la da Presidência. No entanto, 64% duvidam de que ela venha a ser efetivamente afastada. A gente somos inútil…
A opinião é coerente com a atitude: de uma população que já ultrapassa a casa de 200 milhões, só cerca de 1,5% (uns 3 milhões) estão saindo às ruas para defender o que 63% consideram justificável.
Novidade? Não. A mesma desproporção vem se evidenciando ao longo de toda nossa História, desde o trágico abandono a que foram relegados os inconfidentes, passando pelos acordos de elites que culminaram na independência, na abolição da escravidão, na proclamação da República e no fim das ditaduras getulista e dos generais.
…mas ainda estamos muito longe disto. |
Nosso hino deveria mencionar de um povo abúlico, o resmungo resignado, não de um povo heroico, o brado retumbante…
A triste verdade é que o homem comum brasileiro, quanto muito, secundou tais processos, mas não foi sujeito de nenhum deles. Produzimos, sim, nossos aspirantes a Simon Bolivar e Giuseppe Garibaldi, mas eles morreram no patíbulo (Tiradentes), sob o fogo cruzado de tocaieiros (Marighella) ou executado depois de rendido (Lamarca), sem multidões ao seu lado, pois foram bem poucos os que se dispuseram a correr os mesmos riscos.
Então, Dilma pode dormir tranquila quanto a este aspecto: não serão os manifestantes da avenida Paulista que a vão derrubar, muito menos por causa do petrolão.
Só mesmo o agravamento da recessão (que, seguindo à risca a ortodoxia neoliberal, Joaquim Levy nos está enfiando goela adentro) poderá fazer os carneiros rugirem. E isto é coisa que, se vier a suceder, só ocorrerá do segundo semestre em diante, quando a penúria atingir o auge.
Curtam sem restrições a nova atração dominical, mas também sem ilusões: por enquanto, ninguém está tomando nenhuma Bastilha.
MINISTERIÁVEIS
A Dilma se reelegeu na bacia das almas e, pimba! Entregou o comando da economia a um Chicago Boy que quer ser Milton Friedman quando crescer.
A Dilma levou uma sova nas ruas em 15 de março e, pimba! Entregou o comando da política ao maior partido fisiológico do Brasil.
Deus nos livre de quem poderá vir por aí:
- Jair Bolsonaro na Pasta da Justiça;
- Pastor Feliciano na dos Direitos Humanos;
- Ali Kamel na de Igualdade Racial;
- Brilhante Ustra na Defesa;
- e outros que tais (ou seja, ideologicamente situados à direita de Gengis Khan).
A pergunta que não quer calar é: se a Dilma resolveu abdicar do exercício coerente do poder, por que não larga a Presidência de uma vez?!
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.