novembro 22, 2024
A força dos ipês: mais que uma reparação
O reconhecimento que não alimenta professores…
Conversa de bêbados
Membrana, de Maurício Limeira
Vernissage de exposição artística
Dia da Bandeira
Marota mente
Últimas Notícias
A força dos ipês: mais que uma reparação O reconhecimento que não alimenta professores… Conversa de bêbados Membrana, de Maurício Limeira Vernissage de exposição artística Dia da Bandeira Marota mente

Celso Lungaretti: 'PARA AS NOVAS GERAÇÕES SABEREM COMO ERA VIVERMOS ESMAGADOS POR COTURNOS'

image_pdfimage_print
Celso Lungaretti

DOCUMENTÁRIO SOBRE A PRISÃO DE CAETANO VELOSO LEMBRA UM INFERNO PELO QUAL EU PASSEI 3 MESES DEPOIS

Marcado para 2 a 12 de setembro próximos, o 77º Festival de Veneza apresentará em sua mostra não-competitiva (ou seja, sem concorrer ao Leão de Ouro e demais prêmios da seleção oficial) o documentário brasileiro Narciso em Férias, sobre a prisão de Caetano Veloso e Gilberto Gil duas semanas após a assinatura do Ato Institucional nº 5 e os 54 dias em que permaneceram encarcerados na PE da Vila Militar (RJ).

 Escrito e dirigido por Renato Terra e Ricardo Kalil, o filme é focado em Caetano, hoje com 77 anos. Mostra como ele e Gil foram mantidos em solitárias durante duas semanas e depois transferidos para celas. 
 Sobre a inferno da solitária, ele conta: 

Eu tinha de comer ali no chão mesmo. Isso durou uma semana, mas pareceu uma eternidade. Eu comecei a achar que a vida era aquilo ali. Só aquilo. E que a lembrança do apartamento, dos shows, da vida lá fora era uma espécie de sonho que eu tinha tido. 

Foi durante o cativeiro que ele viu as fotos inéditas do nosso planeta, tiradas do espaço e publicadas pela revista Manchete, que o inspiraram para compor Terra dez anos mais tarde. 

E a lembrança das risadas da irmã mais nova lhe serviam de consolo, daí ter composto lá mesmo a pungente Irene.

Três meses depois foi a minha vez de passar por aquele quartel, talvez até na mesma solitária (eram três). 

Afora comer no chão mesmo e sem talheres, havia também o buraco no chão como latrina, a falta de torneira ou chuveiro, o espaço ínfimo, o frio que fazia à noite (deixaram-me só com a cueca e sem coberta nenhuma), de forma que, mesmo sentando no chão e abraçando as pernas na tentativa de me esquentar, mal conseguia pregar o olho.

Irritava-me muito a jactância de um sargento, que fazia questão de repetir a toda hora que Caetano e Gil haviam chorado quando tiveram suas jubas raspadas a zero, ao passo que os militantes pelo menos mantinham uma compostura básica, na avaliação machista dele. 

Não era esse o tipo de reconhecimento que eu queria do inimigo. E percebia muito bem que aquilo era demais para um civil, mesmo não tendo ele de passar pelas sessões de tortura a que nós éramos submetidos. 

Foi lá que o cabo Marco Antônio Povoreli, um brutamontes que pesava 140 quilos, por pura maldade, estourou meu tímpano com um tapa no ouvido direito dado com a mão espalmada, quando me reconduzia à solitária após haver sido torturado com choques elétricos. (por Celso Lungaretti)
https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=rm&ogbl#inbox/FMfcgxwJXCHFxCdPsMLmVDTvVKmCRxvW?projector=1
https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=rm&ogbl#inbox/FMfcgxwJXCHFxCdPsMLmVDTvVKmCRxvW?projector=1

 

 

 

 

 

ADM
Últimos posts por ADM (exibir todos)
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo