
Navegante de todos os mares poéticos, Sandra Albuquerque, com um toque de provocação, desfralda suas velas literárias para o gênero conto
UM INESPERADO AMOR DE VERÃO
Era manhã de verão. E os primeiros raios solares refletiam as sombras dos galhos na janela, por trás das cortinas, embaladas vagarosamente, pela suave brisa.
Ao longe, se ouvia o cântico dos pássaros.
Embaixo dos lençóis alvos e sedosos se movia um corpo quente e esguio.
Era o despertar da Sue.
Todas as manhãs, como um ritual, a história se repetia: os dedos longos tocavam o despertador e apertavam o soneca; uma, duas, três ou mais vezes. E quando não havia mais jeito, a reação era dar um salto da cama, colocar seu roupão de banho e deliciar-se na banheira repleta de rosas vermelhas e óleos vegetais aromáticos.
As horas passavam-se e ela enxugava delicadamente cada parte de seu corpo; e após colocar a lingerie eleita do dia e suas meias finas, lá estava seu traje social.
Afinal, Sue, uma empresária bem sucedida, jamais repetiria seu look.
E num belo domingo de sol do verão passado, Sue resolveu fazer diferente e abrir mão de sua big piscina e foi ao clube.
Ao chegar lá, divinamente bela, com seu maravilhoso traje de banho; ao deixar seu longo blusão branco cair e ao debruçar na poltrona, ajeitou seu chapéu e abaixou seus óculos e, ao olhar por cima, deparou-se com alguém acenando para ela com uma taça oferecendo um drink. Ela aceitou, num simples gesto feito com sua cabeça, e o garçom, ao aproximar-se, trouxe juntamente com o drink uma rosa vermelha e um bilhete, contendo um endereço, um telefone e a seguinte mensagem: “Vamos?”
Sue, intrépida, partiu para o desconhecido, e ao chegar no “Seis Estrelas”, se entregou sem sequer saber seu nome; um tremendo frisson a fez esquecer do tempo e foi vencida pelo cansaço do prazer.
Ao despertar, era manhã do novo dia. Um requintado café colonial a aguardava na mesa, e ao lado, na cabeceira, apenas um bilhete escrito: “Foi bom enquanto durou. Já ia me esquecendo: Meu nome é Bob. Adeus!”
E Sue saiu dali, sorridente, pois havia vivido a fantasia de um inesperado amor de verão.
(Autora: Poetisa Sandra Albuquerque)
Rio de Janeiro, 06 de janeiro de 2021.
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Foto do Google
Inaugurando sua fase contista, Sandra apresenta o conto acima por meio de um belíssimo vídeo, preparado por Jorge Monteiro:
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Natural de Duque de Caxias (RJ). Professora, escritora e poetisa. Acadêmica Benemérita e Efetiva da FEBACLA, da qual recebeu, dentre outras honrarias, Comendadora Guanabara, Dra. h. c. em Literatura, Direitos Sociais e Humanitários e Comunicação, Acadêmica Correspondente e Internacional, Grande Prêmio Internacional de Literatura Machado de Assis, Comenda Príncipe dos Poetas, em homenagem ao escritor Olavo Bilac e Comenda Imperador Dom Pedro ll. Pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmatianos, o título Benfeitora das Ciências, Letras e Artes; Título da Real Ordem dos Cavaleiros e Damas do Rei Ramiro Il de Leão; Embaixadora da Paz e Comendadora da Justiça de Paz; pela Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos -OMDDH, Comenda lnternacional Diplomata Rui Barbosa- ‘O Águia de Haia’. Membro da Academia Caxambuense de Letras-ACL e da Academia Internacional de Literatura e Artes Poetas Além do Tempo. Colunista do Jornal Cultural ROL. Coautora em várias Antologias, dentre elas, Florbela ll , Rasgando a Mordaça, Collectânea Sonata Poética da Liberdade, Semeando Versos e Sarau Integração Cultural pela ACL. Participação na V FLAVIR e Destaque Social Personalidade 2020 e 2021.

