Licurgo Quarto traz para o ROL o calor literário do Rio Grande do Norte!
Licurgo Nunes Quarto é odontólogo aposentado, natural de Pau dos Ferros (RN) e atualmente reside em Natal (RN).
Na Arte Literária, é cronista, contista e biógrafo, além de genealogista.
Tem alguns desses trabalhos publicados nas redes sociais e está na iminência de publicar um livro.
Abaixo, sua primeira participação no ROL, com a crônica ‘Tempos modernos’
TEMPOS MODERNOS
Na minha Pau dos Ferros do meu tempo – e isso há quase sete décadas – pequena, aconchegante, onde todos se conheciam e se irmanavam em uma confraria sadia e harmoniosa, os circos que por lá aportavam, instalando-se na Avenida da Independência – ainda na sua topografia, largura originária, sem pavimentação alguma, arborizada por frondosos “pés de fícus” – eram alguns deles mambembes, com empanada rasgada e sem maiores atrativos. Outros já um pouco mais apresentáveis, melhorados, com atrações mais aprimoradas – mas todos cumprindo com a precípua função circense a que se propunham, qual seja a de levar entretenimento à população das cidades em que se instalassem. E Pau dos Ferros, à época, era carente de divertimentos!
Malabaristas exibiam extrema habilidade e destreza de movimento dos corpos; mágicos impressionavam a todos com os seus instigantes e bem elaborados atos de ilusionismo; dançarinas bonitas e em coreografia sensual encantavam o público masculino; o palhaço, em seu mister de fazer graça, agradava aos adultos e às crianças!
A cidade não dispunha de qualquer meio de comunicação para divulgar – informar – à população a presença do circo, com o seu horário de funcionamento, programação, atrações.
As emissoras de rádio mais próximas e que detinham a audiência de alguns poucos que possuíam rádio receptor (Semp ou ABC) e que poderiam suprir essa necessidade eram a “Rádio Vale do Jaguaribe”, localizada na cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará, a “Rádio Alto Piranhas” da cidade de Cajazeiras, na Paraíba, e a “Rádio Sociedade da Bahia” de Salvador; mas todas elas localizadas a uma distância muito grande! Os “carros de som” ainda não tinham sido inventados. O único serviço de som existente na cidade era a “Voz do Campanário”, de propriedade da Paróquia, com duas “bocas de som” – dois alto-falantes – bem potentes e instalados no alto da torre (à época a Igreja matriz ainda ostentava a sua arquitetura originária e secular, com uma única torre) da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde o “Padre Caminha” – virtuoso Vigário da cidade – fazia uso, exclusivo, restrito (e não abria exceção), para divulgar, apenas, comunicados aos paroquianos, convites ligados à Igreja Católica, ou para anunciar o falecimento de algum concidadão.
Ao circo restava, para a sua divulgação, propaganda – para o seu “marketing” – apenas a figura do “Palhaço de pernas de pau”!
Crianças eram arregimentadas – reunidas – para acompanhar citado palhaço em um tour pela cidade. Em troca – em compensação – ganhavam acesso gratuito ao espetáculo da noite. Carimbavam o antebraço de cada pré-adolescente; seria o comprovante de que havia “acompanhado o palhaço”!
E lá ia o palhaço – seguido por dezenas de crianças –fazer um périplo pela cidade.
“Hoje tem espetáculo? ” (Perguntava o palhaço?)
Respondiam as crianças, em “alto e bom som”:
“Tem sim Senhor! ”
“Às 08 horas da noite? ”
“Tem sim, Senhor! ”
“E o palhaço o que é? ”
“É ladrão de mulher! ”
E assim percorriam as principais ruas da cidade fazendo a sua propaganda!
Hoje em dia é diferente!
Os circos, além de utilizarem de todos os meios de comunicação de massa existentes, como rádio, jornais (impressos e virtuais), blogs e televisão, usam, também, aviões; sim, aeronaves, equipadas com potentes cornetas de som fixadas no assoalho, pelo lado externo, e que fazem sobrevoos pela cidade anunciando a presença da “casa de espetáculo”, com seus horários de sessões e atrações.
O natalense acostumou-se a ver a presença de um avião Cesna 172A, ano 1951 (monomotor, o que se chamava outrora de “Teco-Teco”) sobrevoando a nossa cidade em uma velocidade reduzida e a uma altitude de 1500 pés (cerca de 500 metros) fazendo a propaganda do “Le Cirque Amar” (armado ao lado da BR 101), com um som límpido e audível a todos que se encontrem em solo firme.
Tempos modernos!
Licurgo Nunes Quarto
licurgoquarto@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024