novembro 21, 2024
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No Quadro de Colunistas do ROL, as Letras Potiguaras de Licurgo Nunes Quarto!

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Licurgo Nunes Quarto

Licurgo Quarto traz para o ROL o calor literário do Rio Grande do Norte!

Licurgo Nunes Quarto é odontólogo aposentado, natural de Pau dos Ferros (RN)  e atualmente reside em Natal (RN).

Na Arte Literária, é cronista, contista e biógrafo, além de genealogista.

Tem alguns desses trabalhos publicados nas redes sociais e está na iminência de publicar um livro.

Abaixo, sua primeira participação no ROL, com a crônica ‘Tempos modernos’

TEMPOS MODERNOS

Na minha Pau dos Ferros do meu tempo – e isso há quase sete décadas – pequena, aconchegante, onde todos se conheciam e se irmanavam em uma confraria sadia e harmoniosa, os circos que por lá aportavam, instalando-se na Avenida da Independência – ainda na sua topografia, largura originária, sem pavimentação alguma, arborizada por frondosos “pés de fícus” – eram alguns deles mambembes, com empanada rasgada e sem maiores atrativos. Outros já um pouco mais apresentáveis, melhorados, com atrações mais aprimoradas – mas todos cumprindo com a precípua função circense a que se propunham, qual seja a de levar entretenimento à população das cidades em que se instalassem. E Pau dos Ferros, à época, era carente de divertimentos!

Malabaristas exibiam extrema habilidade e destreza de movimento dos corpos; mágicos impressionavam a todos com os seus instigantes e bem elaborados atos de ilusionismo; dançarinas bonitas e em coreografia sensual encantavam o público masculino; o palhaço, em seu mister de fazer graça, agradava aos adultos e às crianças!

A cidade não dispunha de qualquer meio de comunicação para divulgar – informar – à população a presença do circo, com o seu horário de funcionamento, programação, atrações.

As emissoras de rádio mais próximas e que detinham a audiência de alguns poucos que possuíam rádio receptor (Semp ou ABC) e que poderiam suprir essa necessidade eram a “Rádio Vale do Jaguaribe”, localizada na cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará, a “Rádio Alto Piranhas” da cidade de Cajazeiras, na Paraíba, e a “Rádio Sociedade da Bahia” de Salvador; mas todas elas localizadas a uma distância muito grande! Os “carros de som” ainda não tinham sido inventados. O único serviço de som existente na cidade era a “Voz do Campanário”, de propriedade da Paróquia, com duas “bocas de som” – dois alto-falantes – bem potentes e instalados no alto da torre (à época a Igreja matriz ainda ostentava a sua arquitetura originária e secular, com uma única torre) da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde o “Padre Caminha” – virtuoso Vigário da cidade – fazia uso, exclusivo, restrito (e não abria exceção), para divulgar, apenas, comunicados aos paroquianos, convites ligados à Igreja Católica, ou para anunciar o falecimento de algum concidadão.

Ao circo restava, para a sua divulgação, propaganda – para o seu “marketing” – apenas a figura do “Palhaço de pernas de pau”!

Crianças eram arregimentadas – reunidas – para acompanhar citado palhaço em um tour pela cidade. Em troca – em compensação – ganhavam acesso gratuito ao espetáculo da noite. Carimbavam o antebraço de cada pré-adolescente; seria o comprovante de que havia “acompanhado o palhaço”!

E lá ia o palhaço – seguido por dezenas de crianças –fazer um périplo pela cidade.

“Hoje tem espetáculo? ” (Perguntava o palhaço?)

Respondiam as crianças, em “alto e bom som”:

“Tem sim Senhor! ”

“Às 08 horas da noite? ”

“Tem sim, Senhor! ”

“E o palhaço o que é? ”

“É ladrão de mulher! ”

E assim percorriam as principais ruas da cidade fazendo a sua propaganda!

Hoje em dia é diferente!

Os circos, além de utilizarem de todos os meios de comunicação de massa existentes, como rádio, jornais (impressos e virtuais), blogs e televisão, usam, também, aviões; sim, aeronaves, equipadas com potentes cornetas de som fixadas no assoalho, pelo lado externo, e que fazem sobrevoos pela cidade anunciando a presença da “casa de espetáculo”, com seus horários de sessões e atrações.

O natalense acostumou-se a ver a presença de um avião Cesna 172A, ano 1951 (monomotor, o que se chamava outrora de “Teco-Teco”) sobrevoando a nossa cidade em uma velocidade reduzida e a uma altitude de 1500 pés (cerca de 500 metros) fazendo a propaganda do “Le Cirque Amar” (armado ao lado da BR 101), com um som límpido e audível a todos que se encontrem em solo firme.

Tempos modernos!

 

Licurgo Nunes Quarto

licurgoquarto@gmail.com

Sergio Diniz da Costa
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