Já passou por sua cabeça que hoje em dia vivemos num mundo de solidão?
Numa era em que estamos cada vez mais conectáveis há quem, no final do dia, se sinta sozinho.
No cenário atual, em que a tecnologia e as redes sociais fazem parte do cotidiano é comum pensar que usamos a internet para passar o tempo de lazer ou entretenimento, embora estar conectado também nos permita expandir nossos contatos de trabalho e até trabalhar a partir de um computador ou dispositivo móvel.
A tecnologia não está mudando somente a forma com que fazemos as coisas, mas também o que somos, o que estamos nos tornando.
Hoje é época de Whatts, Twitter, Facebook, Tumblr, Blog, Vlog, Instagram, Youtube, Gps móvel, etc. Tempo de filmarmos tudo. Fotografarmos tudo. Postarmos em tempo real.
Não se vê mais crianças jogando bola nas ruas e nem brincando, agora são crianças, homens e mulheres na frente de um celular ou computador.
Estamos nos tornando reféns de algo que nós próprios criamos, nos afastando de tudo aquilo que um dia fomos, ferindo nossos princípios e valores, nos isolando só para que o nosso ego seja satisfeito, pois precisamos da aprovação e aceitação social.
Uma precisão de compartilhar e mostrar somente os momentos onde estamos felizes, realizados e bem sucedidos. Uma imagem programada sobre o que queremos ser e passar. Uma necessidade de editar o que pensamos e falamos, evitando o espontâneo do ‘ao vivo’, de estar em vários lugares ao mesmo tempo, sendo mais superficiais nas relações.
Estamos sempre perto de quem está longe mas bem longe de quem está perto. E assim continuamos ensimesmados para dentro, distantes, nos tornando escravos e meros solitários, conectados pelo mundo digital.
Segundo a socióloga e psicóloga Sherry Turkle, que estuda as influências da tecnologia nas relações humanas, “ao invés de sentirmos para depois compartilharmos, nós compartilhamos o que queremos sentir, ou seja, nós esperamos mais da tecnologia e menos de nós mesmos”.
Tudo isso nos faz refletir o quanto as novas gerações estão evoluindo sem conseguir se conectar ao vivo um com o outro. E perdendo uma das habilidades mais importantes para qualquer indivíduo, a convivência social.
Reconheço e admito os benefícios que parte delas proporcionam ao mundo moderno, porém é necessário refletirmos sobre o espaço que estamos deixando essas novidades ocuparem em nossas vidas.
Que tal desligar um pouco o aparelho e se conectar com você e ao que está a sua volta? Libertar-se de imaginações sem futuro, pensamentos desconexos, fotografias sem cor e lembranças sem calor que não acrescentam nada?
Olhando para nossas telas perdemos sorrisos e semblantes reais, perdemos olhares. Permita-se enfrentar seus medos e encontrar seu propósito, viver com simplicidade, faxinar a alma com música, conectar-se às suas emoções, sentimentos e pensamentos. Preocupe-se em agradecer, em ser e não apenas em ter. Nossa existência é veloz, frágil, e o melhor a fazer é eternizar nossos momentos, com tudo que seja verdadeiramente real e nos faça feliz.
Faz sentido pra você?
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Escritora, poeta, cronista, artista plástica. Sócia proprietária da Loja Cult Vip (100% Artesanal). Possui qualificação Life Coaching, capacitações em Mediação/ Gestão de Conflitos e Facilitadora de Processos pelo Gotland Inst. Cult. Ed. e Artes. Bacharelanda em Direitos Humanos com ênfase em Ciências Sociais pela OMDDH. Acadêmica fundadora e vice-presidente da Academia de Ciências, Letras e Artes de Minas Gerais – ACLA/MG (sede Manhuaçu/MG). Sócia-Correspondente da Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova (ALEPON). Dama Comendadora de Justiça, Embaixadora da Paz, dentre outros. Recebeu Menção Honrosa em sua participação no Concurso Literário Interno de 2019 – Prêmio Prof Kleber Rocha, realizado pela ALEPON com o projeto de seu livro SYNTOMAS – Mixtura Degradé (em vias de publicação). Condecorada com a Estrela do Mérito Humanitário pela Academia Brasileira para Preservação dos Valores Cívicos e Culturais e Associação Caritativa e Humanitária das Ordens de Cavalaria da França. Premiada com o Selo de Prata no Prêmio Poético-Literário Pena Dourada. Integrou a 2ª Antologia Essências da Região dos Lagos e participou da Coletânea Maravilhosas Mulheres em Versos e Prosa e da IV Seletiva para a IV Coletânea Século XXI, tendo duas poesias selecionadas e publicadas e do livro Destaques da Poesia.