Éramos canção
Dê-me um ré, meu amor,
Sim, esse é meu tom.
Meu ritmo é de valsa
E meu volume é alto,
Não tanto… Nem tanto!
Toque-me, sou seu
Violão, seu instrumento,
Sua harpa, sua flauta,
Deixo-te tocar-me,
Suave, porém firme
Deixo-te afinar-me
P’ra não sair do tom
Quando nosso canto
For começar, todos
Entenderão que
Temos a cadência
Que muitos e muitos
Jamais perceberam.
No entanto, querida,
Hoje somos pausa;
Distância; silêncio.
Mas, nós dois, outrora
Éramos canção.
* Poema em pentassílabo (redondilha menor), versos livres.
Paulo Siuves
paulosiuves@yahoo.com.br
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Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG. Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.