Na memória do jamais-futuro
Minha vida, como uma música inacabada
com muitas dissonâncias e desafios
Eu a transformo em sentimentais escalas melódicas
Quem ouviu, sem dúvida, entendeu
Recitei meu poema melancólico
sobre a memória do jamais-futuro…
Não me pergunte quantas acordes eu arranquei
enquanto eu chorava sobre minha guitarra.
Não me pergunte quantas taças
de lágrimas enchi-me com a solidão…
Não me pergunte quantos desejos eu engoli
no campo enarmônico da impotência…
quantos neurônios eu ativei no abdômen…
Às vezes, o amor é
como uma orquestra em silêncio,
como uma pausa nas notas da canção…
Ser resiliente é ser brando
na cara do momento presente
Sufocando meus lábios de lágrimas.
Agora eu sei porquê.
agora eu sei como eu perdi o meu rumo
o que leva ao sucesso…
Ele era espinhoso, enlameado.
com obstáculos e muitas portas.
a última porta fechou e se trancou por dentro.
Eu não tinha a chave da última porta!
Eu não passei pelo arco do triunfo
A música parou teve um coda em acorde suspenso;
Ao fim da peça musical, era o momento do beijo,
Da promessa de amor eterno, mas…
Ficou na vontade de um futuro que não aconteceu;
Na memória do jamais-futuro, a música acabou.
Paulo Siuves
paulosiuves@yahoo.com.br
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Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG. Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.