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Patrícia Alvarenga: 'O velho normal'

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Patrícia Alvarenga

O velho normal

Há cerca de dois anos, com o início da pandemia de Covid-19 – que já ceifou a vida de seis milhões de pessoas em todo o planeta – a humanidade chegou a acreditar que os valores sociais seriam revistos e passaríamos a enaltecer a empatia, a solidariedade e a fraternidade entre os homens, em detrimento das tradicionais e das supérfluas concepções de vaidade, acumulação de bens materiais e poder. Ledo engano.

Em março de 2022, percebemos que nada mudou na sociedade. O mundo continua fragmentado, lutando-se, como sempre, por poder e dinheiro. Há poucos dias, a Rússia invadiu um país soberano e democrático, causando a fuga em massa de 1,5 milhão de refugiados ucranianos para nações vizinhas. O ser humano não mudou e não mudará. É da natureza de parte da espécie ter sido feita com “erros de construção”, como o colunista Gustavo Cabral, da seção ´Viver Bem`, do sítio eletrônico ´UOL`, publicou em 07/03/2022, data em que escrevo o presente artigo.

Outrossim, a violência contra mulheres, crianças e idosos, tragicamente, aumentou bastante nesse período, eis que essa parcela da população, historicamente mais vulnerável, viu-se presa com seus agressores. O agravamento do confinamento a que já vinha sendo submetida só exasperou a dificuldade de acesso à rede de proteções, como o apoio de familiares e amigos.

Por outro lado, a desigualdade aprofundou-se, revelando que o desemprego, a inflação, a miséria, a fome e a própria morte causada pelo terrível vírus atingiram, de forma mais acentuada, as camadas mais pobres da sociedade.

As pessoas continuam sofrendo com doenças mentais, como depressão e ansiedade, utilizam-se de redes sociais para manter contato apenas virtual com seus conhecidos, prosseguem egoístas, vaidosas, orgulhosas, consumistas, enfim, medíocres. Nunca a humanidade foi tão ´humana`.

Por fim, finalizo esta simples reflexão com uma frase bastante engenhosa do escritor italiano Lampedusa: “Algo deve mudar para que tudo continue como está”.

 

Patrícia Alvarenga

patydany@hotmail.com

 

Patricia Danielle de Ataíde Alvarenga
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