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Quase-morte
A manhã me sufoca, fecho a cortina;
do Sol eu me escondo; virou rotina.
Ao Céu choroso e negro me assemelho;
prefiro a espessa chuva; meu espelho.
Meu travesseiro embolorado,
efeito do pranto enxugado,
mistura-se ao odor dos restos
de alimentos que acumulei nos pratos.
Com os ratos eu divido o meu quarto;
nos cinzeiros já não cabem mais cigarros.
Não estou certo se sou vida ou quase-morte;
decomposto, já exalo cheiro forte.
Minhas vistas têm horror à claridade;
não suporto nem sequer a luz da Lua.
Sua ausência sepultou-me; entreguei-me;
sou tristeza, sou descrença; sou saudade.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com
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