outubro 18, 2024
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Clayton Alexandre Zocarato: 'Ainda podemos falar em ética?'

Clayton Alexandre Zocarato

Ainda podemos falar em ética?

 

Falar em ética atualmente, é transpor caminhos para julgamentos sediciosos em torno do que pode ser considerado um banho de hipocrisias, no senso comum de ficar no comodismo, passando por claustro de infidelidade, para a construção de uma subjetividade, e que assim não se faça um elogio demagógico, emergindo um crescimento exacerbado da ignorância, perante pessoas de polivalentes origens sociais e psicológicas.

Para o Brasil, a palavra ética parte, em grande medida, interpretativa,   para a aceitação individual,  emergindo  um princípio moral,  em se prostrar perante “modinhas”, que venham, assim, fazer com que  “o ser” fuja de um tenebroso senso de solidão, por não seguir massificações comportamentais, ao qual, não se tem uma  importância moral, em prosseguir, com alcunhas de delineamentos mentais, que venham, assim, organizarem falsos sentidos de humanizações, em torno de ontologias libertárias,  funestas, de um sectarismo  extremamente nefasto.

Dentro de uma leitura político partidária, é jus e necessário sempre lembrar, para os desavisados, que a frágil República brasileira, nasceu de momentos históricos conturbados, através de um conflito de interesses de grandes proprietários de terra, junto com setores conspiradores maçônicos e das forças armadas, que culminaram com sua “pseudo-proclamação” em 15 de novembro de 1889.

De lá para cá, houve uma forte concentração de renda, em função de um crescimento existencial, das classes elitizadas, disseminando suas vontades e domínios ideológicos por entre uma massa de famigerados e desfavorecidos, que serviram, segundo as palavras de Aluisio Azevedo, para um aumento “da exclusão dos pobres, em relação ao convívio pacífico e heterogêneo de tolerância com setores abastados”.

Dentro de  nossas vértices  idealistas  para-helenísticas de disseminação cultural  questionadora, transcorreu para uma serie de aglutinações socioespaciais, que culminaram por um crescimento desordenado de nossas grandes metrópoles, aumentando bolsões de misérias, que passam por eleições e mais eleições, como sendo  um aproveitoso curral eleitoral, para diferentes glebas de aquarelas partidárias, que não possuem, efetivamente, um plano de política governamental a longo prazo  que venha recolocar essas pessoas a adentrarem novamente na sociedade civil, de maneira efetiva e produtiva, dentro ciclo de acumulação e   relações capitalistas exorbitantes.

Ou bem seja, o Brasil passa por uma “contra-ética” a elencar planejamentos econômicos e políticos, que possam, não somente, serem utilizados como estratégias de construções discursivas, orquestrando um fanatismo cego, não condizente com a realidade cotidiana de muito dos seus habitantes.

Ainda existe um sentimento forte de coletividade tecnicista, em se considerar o fato da concentração de classe, como “um status-quo natural”, enfatizando bizarrices, como o estupro sendo um fator cultural, fazendo parte, de um arquétipo de construção da persuasão, em arquitetar  uma historicidade  que contenha a legitimação de “práxis respeitosa”  de disseminação da  Ética, que possa chegar até todas as pessoas, sem nenhuma exceção.

Gilberto Freyre já nos alertava, em seu Casa Grande e Senzala, dos perigos “da carência e se empreender atitudes, que possam colocar a privacidade e uma educação de bom senso sexual entre todas as classes sociais”, o que não deixa de enfocar que a nossa “Belle Époque”, serviu como base para uma instrumentalização na organização de um   teatro dos horrores da segregação social e racial, realçando uma negatividade de otimismo, que viesse, assim, a reverter uma polaridade filosófica que não  fosse anti –  dialética, para uma um sentido de comportamento de respeito e empatia pelo corpo e mente do  “outro”.

Um corpo que ficas esgarçado em uma história, que vai arquitetando um caminho de vida, não somente para o despertar da “fera fetichista e sexualista vir a ganhar vida, escondido dentro de cada pessoa”, mas sim, que pudesse refazer do prazer corporal, que  contenha “as artimanhas hedonistas  de Epicuro”, mas também “uma razão socrática”, que venha reavaliar “um cartesianismo coletivista”, em colocar, que  mente e consciência precisam estarem em um mesmo grau de sintonia.

Uma sintonia que, no caso do estupro, se faça  um sentido epistemológico, de alertar  para a aplicação de uma  jurisprudência penal, que não esteja submetida em punir exclusivamente, mas sim, que  venha a garantir uma transição para ecléticas atitudes subjetivistas, que possam serem sublimes, para um caminho de liberdades corporais, que venham tangenciar, um complemento cultural empático e crítico, respeitando todas as tradições étnicas,  combatendo  o sugo de  identidade cultural excludente,  de que, para se ter amor, é necessário primeiro passar pela dor.

Não se trata aqui de expor o  problema do estupro, no Brasil , mas sim, que nossa “sociologia de gentes”,  usando das palavras de “Mary Del Priore”, possa  angariar  uma circulação  por entre espaços  psicanalíticos, que possam,  tanto se constituírem como um alerta para proteger  integridades corporais diacrônicas, como vim a ser caracterizado como um cunho psicossocial não  estressor, que levem a produção de um horror,  culminando na  crueldade de carência, em desenvolver um respeito  claro e sucinto pelo “outro”.

É necessário arquitetar um “Espaço Debatedor De Ética Conciso”, onde seja valorizado o “poder do não”, e um “não” que seja “não” seja interpretado como egoísmo, ou como diz na gíria “ser do contra”, mas como uma forma de proteção da estrutura biopsicossocial de cada um.

“Meu corpo, minhas regras, mas minha mente, minha interpretação”, cada um tem o direito universal da opinião própria, porém, isso não se trata de impor uma transição de limitação do caráter personalista intransigente em afirmar, que a maioria seja a totalidade.

Se analisarmos, mesmo dentro de certas ideologias da juventude, passamos para uma neurose coletiva, ao qual foi construída uma isonomia de heteronímia, buscando, por ora, a garantia de cumprimento Pleno Da Lei, possa também não ser  unicamente um instrumento “Positivista”, de vim a fazer com o que Código Penal seja estabelecido de maneira tácita e cruel, sem haver o apelo da  clemência.

Quando transcorrem muitas punições, podemos dizer que a Lei por suas simetrias Éticas, cometeu (em algum momento) seus equívocos, fazendo  uma transitoriedade macabra dos Direitos Humanos, se distancie de  uma punição digna para o agressor, e que, assim também, venha a acalmar os nervos da sociedade civil, mas  não caindo na barbárie, em ter que punir, por uma séries de  atos emotivos de comoções  públicas , que não levem  em consideração a exatidão e imparcialidade da  Ciência Direito, bem como seus atributos filosóficos, passando  por um sentido analítico , de como diria Norberto Bobbio, “quando há uma transgressão, o que ocorre é uma interação descomunal entre os desejam  a punição, mas ao mesmo tempo com aqueles que desejam lavar as mãos, diante a aplicação de tal ação do Direito Jurídico”.

“A Ética” é um figurante de falácias comportamentais, que não vem se constituindo plenamente como um sentido vivencial,  de buscar um amor, que seja universal, mas que também possa dar conta de explicar os equívocos das “ações humanas” mais individualistas, em sempre se prostrarem como sendo “donas da verdade”, satisfazendo os egos mais atrozes, como também, se esquivando  a fazer um sujeito que assim possa conter uma semiologia mentalista de equilíbrio, em esperar, que o acaso ou alguma providência divina, possa dar conta de refazer, com que as pessoas venham aceitarem umas  as outras, se distanciando de juízos de fato,  egoístas e preconceituosos.

“A Ética” é uma canção atordoante, que faz uma dança por entre conjecturas de centelhas intelectuais, que venham a engrandecerem, que a felicidade pessoal, pode vim a significar a tristeza de alguém, que não consegue prover suas necessidades mais básicas, construindo uma intelectualidade que dance na frequência do egoísmo de uma filosofia social orgulhosa, em sempre se colocar como sendo dona da razão.

Mas quem seria o dono ou a dona da razão, que vai construindo uma sociabilidade, que assim refaça um entendimento de consciência social, que não esteja  repleta de lamentos, dentro  do  “republicanismo, saturado  de cinismo”, aonde as pessoas venham de fato a se importar umas com as outras?

A história humana caminha para um existencialismo, sem muita empatia por seus semelhantes,  mas se  reveste continuadamente  de uma couraça gramatical que vai deixando, sucessivamente, uma pá de cal perante um espiritual dual:  de  um lado, em querer a salvação diante seus pecados mais elementares e egoístas e, por outro,  querer a contemplação e a  satisfação  dos  “seus  desejos  mais ocultos”, que não são mais “seus”, mas que vivem cantando louvores a favor, de horrores de um dinamismo esdrúxulo, exalando por uma   “Paidéia de limitação”,  do amor pelo próximo, em  respeitar as “(in)diferenças”.

Segundo Rousseau, “nenhum homem tem uma autoridade natural sobre outro homem”, “a Ética”, quando entendida e feita coerentemente, é condição de massificação de morais pré-estabelecidas, que tem como fundamentos principais, fazerem com que as vontades pessoais sejam controladas, em nome de se elaborar tessituras, “de equilíbrio entre o que se pode fazer e o que, sem por obrigação, fazer”.

“Um fazer”, passando  pelos sentidos tele cinéticos, de que não se trata unicamente de se falar sobre ética, e sim, buscar uma disseminação gnosiológica  de que o tempo é um excelente sábio, mas que em  suas verdades, vai destruindo dogmas particulares,  disseminando a proliferação, de preconceitos em como agir perante uma sociedade mundialista, que  vai destruindo, aos poucos, uma  flâmula de respeito coletivista, do que seja caracterizado como um som zumbizante do “senso-comum”, de tratar  todas as pessoas como sendo “comuns”, em nuanças questionadores de que, para se poder falar sobre ética, é necessário se compreender o que seja ética, indo  além do que seja escrito ou dito.

Michel Foucault, “coloca que os desejos humanos devem ultrapassarem o sentido do que seja belo ou desejável”, refazendo um papel de sua “individuação”, que assim não venha somente provocar “tesão”, mas sim, que possa conter um significado de um éter do bom-senso universal, que façam as pessoas olharem mais umas para as outras, sem unicamente estarem destinadas a servirem para uma dialética mesquinha,  de saciar um “gosto universal  pelo  sangue alheio”,  não estando voltado para um derramamento do plasma inocente,  feito por homicídios miasmáticos, mas sim, entender que a  “Ética”, é um dever de cada cultura, defronte a leitura do seu destino  perante a  humanidade.

A  força universal de dolência e respeito empreitada em  respeitar toda a conjectura formativa cultural de  um endoesqueleto, contendo a  sapiência de  “um ch’i”, que  esteja  moralmente suplantado em preservar um sistema emocional que possa, tanto fazer as pessoas conterem um olhar de carinho concreto  entre si, como também, a enxergarem uma necessidade  de não  obedecer cegamente as “Leis ou Regras”,  promovendo a percepção respeitosa,  de  que elas fazem parte de um importante plantel da construção de astúcia mental sucinta, onde o fundamental não é unicamente  se “ falar  de  Ética e sim fazer Ética”.

“Uma Ética” que ornamente um dissabor a violar o tecnicismo da formação de  idéias lúdicas, que não venham a promoverem uma subjetividade, que esteja tensionada a lutar contra a mania coletiva de “achismos” e de opiniões, que são concentradas em agradar  alguém sempre, ou a vangloriar alguma situação em especial, esperando a benefícios, que sua “pseudo – argumentação” possa extrair de determinada situação.

“A Ética”,  tem que ser aplicada até de forma um pouco sádica, pois, quando se abre exceções, também se deixa resquícios para reclamações, e isso se tornou uma dádiva educacional lamentável do ser-humano que, na maioria das vezes, só enxerga seu sofrimento pessoal, ou inventando contraceptivos questionadores, enfadonhos, contra momentos de solidão “inventadas ou forjadas com intuito de ter atenção, sempre,  de seus semelhantes”, onde somente o farejar de uma boa opinião crítica e consciente   do discernimento “maiêutico”, poderá trazerem respostas, ou aumentar o fluxo de  perguntas, acerca das suas tristezas, defronte “uma globalização de psicoses”, que venham a gerarem  um terror quanto a sua aceitação de que o homem não passa de uma matéria moldada, segundo  á vontade de uma inteligência superior chamada “Deus(es) ou da  Natureza (Ou do Acaso! Ou até do Nada)”, onde sua criação promoveu uma sucção de sua razão, por entre um dedilhar de rimar sua forma de amar em aceitar que, a cada momento, é necessário se modificar para a construção de uma solidariedade da igualdade ética, que não esteja encarcerada somente aos signos e complementos “métricos subjetivistas  de cada indivíduo”.

“Ainda podemos falar sim de Ética?”.

Digamos, que sim, mas um sim, quase beirando um talvez.

Mas seria mais interessante, em não falarmos e escrevermos sobre ela, e sim “tentar”, praticar um pouco dela, mesmo que para isso tenhamos que usar a “antiética”, para se chegar há uma “Ética” clara e concisa, para todas as pessoas.

 

 

 

 

 

 

 

Clayton Alexandre Zocarato
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