novembro 21, 2024
A força dos ipês: mais que uma reparação
O reconhecimento que não alimenta professores…
Conversa de bêbados
Membrana, de Maurício Limeira
Vernissage de exposição artística
Dia da Bandeira
Marota mente
Últimas Notícias
A força dos ipês: mais que uma reparação O reconhecimento que não alimenta professores… Conversa de bêbados Membrana, de Maurício Limeira Vernissage de exposição artística Dia da Bandeira Marota mente

Patrícia Alvarenga: 'O ano era 1979'

image_pdfimage_print
Patrícia Alvarenga

O ano era 1979

Foto por: Patrícia Alvarenga

Percorria seu novo aparelho celular, escolhendo um toque para as ligações, quando passou pelo som clássico das chamadas telefônicas dos aparelhos fixos dos anos 70 e 80. Aqueles de discar, presos à parede por um fio enrolado, que só servia para enroscar cada vez mais em si próprio. Aqueles, divididos por toda a família, que tinham destaque na sala (sem nenhuma privacidade para os interlocutores, portanto), com uma mesinha só para eles, muitas vezes acompanhada de uma cadeira ou banquinho ao lado. Ah… Pedro Henrique fizera uma longa viagem agora… Fora até o ano de 1979, quando seus pais tiveram o sonho realizado de ver uma linha telefônica instalada em casa! Como custava caro uma linha! Era símbolo de riqueza e integrava o patrimônio de seu proprietário, que passava a ser, também, dono de ações da empresa de telefonia. Aliás, foi nesse dia que ele perguntou a seu pai o que eram ´ações` e (quase) nada entendeu da resposta.

Pedro Henrique voltou suas lembranças para aquele dia! Sua mãe estava felicíssima, pois poderia manter contato com os parentes e amigos, próximos ou distantes. Seu pai, igualmente contente, pegava o gancho do aparelho e simulava a ligação com alguém muito importante e, sua irmã mais nova, disputava aquele gancho para fazer ´caras e bocas`, já ensaiando a pose do próximo aniversário. Ah… porque era assim: tirar fotografias só no aniversário ou em algum evento muito especial. Afinal, o mais difícil nem era tanto poder adquirir a famosa máquina fotográfica, mas conseguir comprar os filmes e fazer a revelação das fotos. Era sempre algo a ser negociado, diante do alto custo. Pedro Henrique queria filmes de trinta e seis poses, pois sabia que quase metade das fotografias, ao ser revelada, mostrava-se imprestável. Sua mãe, todavia, preferia o de vinte e quatro poses, para fazer economia. E, assim, suas festinhas de aniversário eram sempre registradas com filmes de duas dúzias de poses, mas só se aproveitavam, em regra, cerca de quinze fotografias.

E, pensando nisso, lembrou-se que, às vezes, as fotografias chegavam através das cartas, tão aguardadas! Tinham cores, cheiros, selos coloridos, cola grudenta e traziam muitas novidades em seu interior! As ligações telefônicas eram caras e muitos familiares ainda não tinham linha telefônica em casa. Então, para saber de tudo, tudo mesmo, só escrevendo naquele papel fino, pautado, com caneta esferográfica, que ia dobrado em três partes, dentro do envelope mais econômico, aquele branquinho, quase transparente, com detalhes da cor do país. Ah… como aquela espera pela correspondência era ansiada! Isto porque, não se sabia quando uma carta viria e se ela viria! Tudo era envolto em suspense. Como nas ligações: ninguém tinha noção de quem poderia estar ligando, naquele dia, àquela hora… Havia muito charme nisso tudo, pensou, quando foi ´fisgado` de volta para o ano de 2022, por uma ligação de videoconferência que seu chefe fazia, através do computador.

Patrícia Alvarenga

patydany@hotmail.com

 

 

 

 

 

 

Patricia Danielle de Ataíde Alvarenga
Últimos posts por Patricia Danielle de Ataíde Alvarenga (exibir todos)
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo