novembro 21, 2024
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Patrícia Alvarenga: 'Até que enfim!'

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Patrícia Alvarenga

Até que enfim!

Fonte da imagem: app. Canvas

Acordou de madrugada com urgência de urinar. A vontade era tanta que já havia até sonhado com banheiros. Logo pensou que não deveria ter tomado aquele copo grande de água de coco próximo da hora de dormir… Mas, depois que abandonara os refrigerantes, sobraram-lhe poucas opções. Ao retornar para cama, sentiu-se desafiado a olhar a hora no celular. Pensou que não era boa ideia, mas não resistiu e constatou: 04h48. Horário horrível para quem havia colocado o despertador para 06h. Ah… mas agora já era tarde! (Ou muito cedo, na verdade). Tentou voltar a dormir, porque 1 hora e dez minutos fariam diferença para quem foi se deitar por volta de 23h. Que nada! Ficou tão ansioso para dormir que… não conseguiu, claro. Ansiedade e sono não são boas companheiras.

Decidiu levantar-se. Já era 05h51. Ficou com muita raiva. Não dormira e nem aproveitara a hora extra. Pensou: poderia ter comido uma banana e ter ido à academia ou mesmo ter dado aquela corridinha na rua, na agradável temperatura da madrugada. Madrugada, sim. Negava-se a nomear o período anterior à fatídica sexta hora como manhã. Era madrugada e ponto final.  Mas, já era tarde. Tinha que tomar banho, tomar café e se arrumar para o trabalho. Nessa ordem. Sempre colocava a roupa após o café da manhã. Assim, evitava que a sujasse, caso derramasse seu café com leite, o que ocorria com muita frequência, haja vista seu estado de eterna sonolência. Ao sair de casa, naquele dia, não derramara a bebida, mas deixara cair uma xícara. Seu antigo conjunto, agora, era feito de duas peças. Fazer o quê? Teria que comprar um novo conjunto.

Sabia que aquela quarta-feira seria um dia ´daqueles`. Sonolência, muito trabalho, condução lotada, mau humor, cansaço… o de sempre. Todos os seus dias eram ´daqueles`, lamentou-se. E mais uma vez faltaria à academia, já que estava todo dolorido da noite mal e pouco dormida. Não ia desde quinta-feira da semana anterior aos treinos e a consciência já pesava. Assim como sua balança. Ah… aquela maldita! Lembrou-se que, antes do banho, mesmo com medo, subira no ´instrumento de tortura`, para se arrepender segundos depois. Mais um arrependimento. Lembrou-se de uma frase que vira numa rede social: ´é só uma fase ruim, logo vai piorar`. Quando leu, não sabia se ria ou se chorava. Parecia ter sido escrita para ele.

Não via luz no fim do túnel. O túnel no qual se encontrava era antigo, mal iluminado, com cheiro dos gases dos automóveis, quente, barulhento, cheio de rachaduras e goteiras, e interminável. O Rebouças, antes da reforma, nem chegava próximo a ser parecido com o seu túnel, refletiu.

Ao voltar para casa, naquele dia sonolento, após um temporal que o deixou preso dentro de um ônibus, sem ar-condicionado, por mais de 2 duas horas, finalmente chegou a seu prédio. ´Até que enfim! `, suspirou. Entretanto, o único elevador do edifício havia dado pane e só seria consertado no dia seguinte. E seu querido apartamento ficava no décimo quinto andar. Se não estivesse tão ´duro`, teria ido dormir num hotel, ou melhor, num motel barato, perto de sua casa. Mas nem para isso seu saldo bancário servia. Realmente, não vivia uma boa fase.

Patrícia Alvarenga

patydany@hotmail.com

 

 

 

 

 

 

Patricia Danielle de Ataíde Alvarenga
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