outubro 05, 2024
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Ivete Rosa de Souza: 'Quero liberdade'

Ivete Rosa de Souza

Quero liberdade

Ouvi esse pedido de uma menina de não mais de 15 anos; ao menos a mim parecia ter isso ou menos. A mãe sentada a seu lado, na sala de espera um consultório médico, ouviu com paciência a filha por cerca de uns quinze minutos; e a garota persistia: “Poxa mãe, você não deixa ir a nenhum lugar. Nunca posso fazer nada. Caramba, eu preciso ter meu espaço, minha liberdade!”

A mãe, que até aquele momento ouvia todo aquele turbilhão de pedidos, interrompeu a garota. “Você quer liberdade? Eu te dou, depois que você responder ‘sim’ a todas as minhas perguntas.”.

A menina abriu um sorriso amarelo e falou:

– Está bem, manda aí.

A mãe com voz suave continuou:

– Primeira: para se ter liberdade, tem de ter dinheiro ou emprego; você tem?

Com olhar triste a menina disse ‘não’,  e completou: “Mas se você me desse?”.

Ignorando a pergunta a mãe continuou:

– Segunda: para se ter liberdade é preciso cuidar de si mesmo; digo isso pois você tem que preparar seus alimentos, lavar suas roupas, pagar sua escola etc. Você pode fazer isso? A menina sequer levantou os olhos; balançou a cabeça negativamente.

– Terceira: já que você não trabalha, não tem dinheiro, não cuida de suas próprias coisas, você tem onde morar?

Nisso,  a garota já estava envergonhada; tristemente disse: ”Não.”.

– Quarta: você é menor de idade, não tem emprego, dinheiro, casa para morar, está sozinha no mundo, o que você faz? Agora com um sorriso,  a moça olhou para a mãe:

– Volto para casa.

– Quinta: se você saiu de casa para ter liberdade, por que quer voltar para casa?

– Ah mãe, me desculpa; eu já entendi.

E se calou. Entraram para a consulta, fui ao outro consultório. Não as vi quando sai. Fui fazer algumas compras, me lembrando da conversa, pensando em meus filhos: quantas vezes fui a filha, agora sou a mãe, mas, com muita tristeza de não poder mais voltar aos braços da minha, ou ouvir as broncas de  meu pai, essas que sempre acabaram em risos, e que entre nós era pura magia.

Ivete Rosa de Souza

iveterosad@gmail.com

 

Ivete Rosa de Souza
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