Ivete Rosa de Souza: Crônica ‘O Paraíso’
Num mundo perfeito, não haveria fome. Nem crianças sem lar, ou em trabalho escravo. Seria perfeito se todos os direitos inerentes aos humanos fossem respeitados. Não haveria analfabetismo, crianças teriam direito de brincar, de ir à escola.
Homens e mulheres teriam o direito ao trabalho, sem discriminação de salários. Não haveria corrupção política. O governo eleito pelo povo realmente trabalharia para que houvesse uma sociedade igualitária. Sem discrepância de território, sem defasagem de cultura, economia, incentivos fiscais, oferta de trabalhos dignos.
Num mundo perfeito, crianças não teriam responsabilidade de trabalhar para o sustento da família. Como os coletores de Assaí, nas pobres palafitas na beira do Rio Amazonas, sem que tenham direito à água, alimento de qualidade. Sendo expropriados de dignidade, confinados à sina de ser somente o que colhe os frutos, sendo os primeiros na cadeia, desconhecendo o lucro dos proprietários da terra, dos atravessadores, das indústrias, que manipulam, vendem e ganham à custa dos infelizes.
Um mundo do século 21, globalizado, onde a disparidade de seus habitantes envergonham Nações. Um mundo que valoriza o lucro, o dinheiro, o poder, esquecendo de quem trabalha, dos verdadeiros propulsores da economia; os que fazem o trabalho braçal, que se contentam em ter um prato de comida.
Um século de extrema opressão, onde o pobre a cada dia fica com menos, e os poderosos acharcam, abarcam milhões. Um mundo de tantas desigualdades, de pessoas completamente alheias ao outro ser humano. Um mundo em que o poder exibe completa ignorância sobre aqueles que realmente trabalham, para que a grande roda da ganância sobreviva.
Seria um mundo ideal se o alimento chegasse aos pequenos, aos expropriados do direito de ser humano. Se todos tivessem acesso à saúde, educação, trabalho. Que nenhum humano vivesse sem um teto, sem paz, sem desespero.
Longe da utopia de sermos todos iguais, não há igualdade quando há intolerância, seja ela de raça, cor ou credo. Não há crescimento sem que o trabalho seja valorizado, sem que os responsáveis pelo destino de uma Nação lutem em prol do bem comum. Que usem o poder que tem em suas mãos para gerar união, e a preservação dos direitos que todos os humanos devem ter. Liberdade, igualdade, respeito a cada ser do planeta, essa é a verdadeira Utopia.
Ivete Rosa de Souza
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Natural de Santo André (SP) e ex-policial militar, é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros. Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive, a participar de peças escolares ajudando na construção de textos. Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente, começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP). Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.