novembro 22, 2024
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Pedro Novaes: 'Fundo do Poço'

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Pedro Israel Novaes de Almeida – FUNDO DO POÇO

 

colunista do ROL
Pedro Novaes

O país passa por uma de suas piores crises.

O desemprego e a desconfiança constituem as faces mais angustiantes de nossa situação. Doze milhões de desempregados, considerando apenas os que procuram e não encontram empregos !

O desemprego é desesperador, afetando o ambiente familiar e o próprio circulo de amizades. A sociedade, e muitas vezes a própria família, costuma desvalorizar e evitar o desempregado, e dizem que até o cachorro da casa começa a latir para ele.

Os governos, federal, estadual e municipal, por razões que vão da queda da arrecadação a gestões irresponsáveis, até corruptas, começam a atrasar salários e pagamentos a fornecedores, além de congelar investimentos e tornar precários os serviços públicos.

A menor demanda de produtos contraiu indústrias e comércios, diminuindo o número de empregos formais. Os investimentos, consequências diretas da capacidade de consumo e confiança, ruíram a níveis catastróficos.

Nos supermercados, a qualidade dos produtos passou a ser aspecto supérfluo, sobrepujada, como nunca, pelo preço. Carne moída, ovos, miúdos, frango, suínos e linguiça marcam presença na dieta nacional.

Garis atestam a crise pela diminuição dos resíduos, e solas de sapato vendem mais que combustíveis. Cachorros experimentam rações venezuelanas, empacotadas no Paraguai.

Estudiosos de todo o mundo atestam que o desemprego só começará a ceder em meados de 2017, com o restabelecimento gradativo da produção e comércio, além da retomada dos investimentos.

Com a retração da construção civil, coube à agricultura manter o nível de emprego, logo ela, responsável por expressiva parcela de nossas exportações.

O desemprego torna precárias as relações de trabalho, e os que perdem um emprego tentam outro com menor salário. A inadimplência cresce a níveis estratosféricos, atingindo até contas de água e luz.

Os que mantiveram os empregos cortam gastos e investimentos, temendo ser atingidos pela crise, e escolas públicas recebem legiões de estudantes que frequentavam escolas particulares.

Coroando a situação, os brasileiros demonstram profundo descrédito em instituições, políticos e partidos, como diagnosticado, em letras garrafais, nas urnas de 2016.

Vereadores recém eleitos terão, como prioridade, obrigar prefeitos ao trato responsável do erário, suprimindo gastos supérfluos, reduzindo o número de comissionados e contemplando, a cada centavo, o alívio de alguma necessidade mais urgente da população.

Aprenderemos a cidadania e responsabilidade à medida em que nos aproximarmos do fundo do poço. A solidariedade, contudo, já pode ser exercitada, ajudando os patrícios vítimas de nosso desastre.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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