Ivete Rosa de Souza: Poema ‘O poeta e a poesia’
Para fazer poesia, é só pensar com o coração,
ele dita as palavras, esquece a pontuação
às vezes esquece e rima, outras faz reboliço
Como um trem descarrilhado
Sai do trilho, se joga na emoção
Às vezes planta flores onde existem pedras
E ainda assim ela nasce, florindo dando cor
Poeta não pesquisa dicionário, tem coração preguiçoso
Não dá tempo pesquisar, sem data, nem horário
É tão maluco esse moço, seja por tristeza ou alegria
Se lança ao fundo de um poço, mas alcança estrelas e magia
Nas palavras escritas sem nexo, nem precisa muito esforço
Mas gosta de plantar amores, que por si só é poesia
Vai surgindo devagar, outras vezes escandaloso
Como um rio a transbordar, rebenta de dentro as palavras
Igual a semente que germina, às vezes só com um olhar
No tempo não determina, se vai ter onde parar
Poetas são todos loucos, com os parafusos soltos
Têm muita coisa para falar, muitas vezes se cansa, reclama
Até de não poder versejar, e num estalo acontece
Parece estampido de dor, e a mão padece no embalo
Sem confiança, com temor, parece não conseguir
Colocar no papel o que o coração exigente
Falando tão de repente, teimando em não repetir
A mão é que sofre a pena, da pena não traduzir
Tudo que o coração louco teima em sentir
Palavras que rasgam a alma, por teimosia escaparam.
Ivete Rosa de Sousa
Contatos com a autora
Voltar: https://www.jornalrol.com.br
Facebook: https://facebook.com/JCulturalRol/
- Deixe-me sangrar - 18 de outubro de 2024
- Pés descalços - 9 de outubro de 2024
- Lua - 2 de outubro de 2024
Natural de Santo André (SP) e ex-policial militar, é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros. Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive, a participar de peças escolares ajudando na construção de textos. Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente, começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP). Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.