maio 20, 2024
Green60 – Mobile Film Festival
O pilar da saúde alimentar
A vida de cão do Requis
A importância do livro para os nossos jovens
Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro
Léa Garcia – 90 Anos
Mariposas e borboletas
Últimas Notícias
Green60 – Mobile Film Festival O pilar da saúde alimentar A vida de cão do Requis A importância do livro para os nossos jovens Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro Léa Garcia – 90 Anos Mariposas e borboletas

Dia do Trabalho

Print Friendly, PDF & Email

Ivete Rosa de Souza: ‘Dia do Trabalho’

Ivete Rosa de Souza
Ivete Rosa de Souza
Dia do Trabalho
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Desde criança sempre me perguntei o porquê de no Dia do Trabalho, ninguém trabalhava. Uma contestação no mínimo ousada para uma criança, que nem sabia o que era verdadeiramente trabalhar. Mesmo assim, me alegrava ver meu pai em casa, uma vez que continuamente nos víamos muito pouco, porque ele saía cedinho antes mesmo dos filhos acordarem,  e voltava à noite, cansado de um dia exaustivo, ou estávamos dormindo, ou ainda, caindo de sono, não havendo, portanto, interação. 

Depois de crescida, isso lá por meus 10 a 12 anos, já era responsável por meus irmãos menores. Minha mãe passou a trabalhar fora para aumentar a renda e proporcionar roupas e outras coisas que nos faltava. Comecei a valorizar o trabalho, vendo minha mãe contar  o dinheiro que ganhava, limpando casas, lavando e passando roupas, e o que viesse ela faria de bom grado. Meu pai sempre com ar preocupado, assim mesmo conseguiram comprar um terreno, fazer uma casinha com suas próprias mãos, para termos uma vida melhor.

Diante da luta deles tomei a decisão de trabalhar: fui babá, auxiliar de faxina, vendedora de loja de roupas e eletrônicos, até ajudante de açougueiro. Fui aprendendo a sentir o que era a obrigação do trabalho. Só tinha um problema: eu não acatava ordens absurdas, nem aceitava propostas indecentes! Como menina de 14 anos sofri assédio, saí correndo do local, nem meus pertences eu peguei, só parei quando entrei em um distrito policial. O patrão já havia recebido outras  queixas e foi preso no mesmo dia.

Dali fui para uma fábrica, depois lojas, após trabalhei na Guarda Municipal, migrando por último para a Polícia Militar, onde permaneci até meu filho nascer e dei baixa. Foram anos de trabalho árduo, estudando à noite, criando família. Hoje são meus filhos que trabalham por seu sustento e por suas casas. Me sinto desobrigada de trabalhar, mas sinto falta do trabalho. Vai entender. Essa vida corrida vicia!

Todas as pessoas precisam do trabalho, precisam ganhar seu sustento para ter uma vida no mínimo modesta, um teto, comida, vestes e um feriado. Que alegria um feriado bem no meio da semana. Ou melhor ainda, no fim de semana emendado.

Nem fazem o trabalho que imaginavam, como eu mesma, que sempre desejei ser jornalista, correndo o mundo escrevendo. Ou uma escritora num  rancho afastado da cidade, com os pássaros à volta, gorjeando ao raiar do dia. Cena bucólica de algum  filme retrô.

Mas agradeço aos céus por ter e poder trabalhar. Mesmo que não seja aquilo que queria ser ou ter, muitos de nós teremos, após o feriado, um trabalho para retornar, nos garantindo a alegria de saber que podemos trabalhar, progredir e vencer. Até o outro feriado chegar.


Ivete Rosa de Souza


Contatos com a autora

Voltar

Facebook

Ivete Rosa de Souza
Últimos posts por Ivete Rosa de Souza (exibir todos)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo