Evani Rocha: Poema ‘Quanta sede’
Quanta sede não saciada
Cacos do que foi inteiro outrora
As folhagens tomam conta da calçada
E a fachada velha, atrás, se desponta
É uma sede da infância ausente
Do corredor largo ao lado da sala
Da mesa posta sob a luminária
E as conversas de gente grande
Quanta sede não saciada
Do pote de barro, só os fragmentos
Se fecho os olhos, já estou de volta
Vejo a poltrona livre na varanda
Há aves em gorjeio no arvoredo
E um céu nublado diz que vai chover
Ouço os pingos grossos no telhado
E aqui dentro um rio a correr
“São as águas de março”
Nas palavras de um poeta
As últimas nuvens a desfalecer
Deixarei levar os restos de saudade
Para em outras águas reviver.
Evani Rocha
Contatos com a autora
- Longos dias - 19 de novembro de 2024
- Canção da vida - 5 de novembro de 2024
- Quanta sede - 28 de outubro de 2024
Evani Rocha, natural de Chapada dos Guimarães (MT) é bióloga e professora da rede pública há 23 anos, com pós-graduação em Educação, especializada em Literatura Brasileira. Na área literária é poetisa, escritora e autora dos livros: Retalhinhos (Poesia, 2020) e Folhas de Outono (Contos, lançado na Bienal/Rio 2023). Na área acadêmica, é Acadêmica Internacional da FEBACLA – Federação Brasileira dos, entidade da qual recebeu o título Embaixadora Cultural da Paz. Apaixonada pelas artes, em especial a pintura e a escrita, Evani Identifica-se como uma pessoa ligada umbilicalmente à natureza, onde passou boa parte de sua infância. As artes e a natureza são sua fonte de inspiração, motivo pelo qual sua pintura e escrita têm uma voz que ecoa, quase sempre, desse lugar comum.
Parabéns, poesia linda, refrigerio da alma.