Ella Dominici: ‘À procura de uma dignidade duradoura’
Onde estiveste de noite?
noite-memória dos sinos,
Sondando Deus?
Iluminações em mistérios são alcance
da essência substancial das coisas
Onde estiveste quando no céu surgia a estrela….
E na epifania celeste surgia
o relance que passaria
como um cometa que viveu entre os homens
não estrelando poder, mas envergando brilho terreno na pacificação
Deixando caminho do alcance das dignidades
Onde estiveste na noite?
Noite-memória da vinda Criança-esperança,
Sendo tu sondado?
Alma personificada no ser perdido,
esta, sonda profundezas de memória no celeiro deixado,
nobre encontro com a identidade do eu verdadeiro,
procura da revelação do ser, é encontrar dignidade em Cristo
epifania celeste neste acampado divino corpo ,
ora propriedade terrestre
ora essência de perfume,
intangível com o olhar
invisível com as mãos, dedilhado com o âmago
saboreado com o paladar da plenitude da alma
Caia a neve como manto de amor em nossas almas,
Empalideçam as estrelas cadentes do orgulho e desafeto,
Despontem e venham estrelitas de humildade em forma de simples aceitação das diferenças
Caia a membrana que cobre os olhos e esconde de si a luz que quer brilhar
Cintilem noites despojadas de presunções e intenções
Cintile em lares e famílias com perdões e afagos em abraços e em orações
Que o presente alcançado por Deus brilhe fulgurante
Seja a dignidade de guardar o menino nos sentimentos,
trilhar os passos do
Homem que se fez carne
“amar ao outro como a si mesmo”
em todos os cantos,
aguardando não a próxima noite de festa
Mas vencendo os dias e noites na espera
Da almejada Manhã!
Eterna Dignidade
Ella Dominici
- À procura de uma dignidade duradoura - 13 de dezembro de 2024
- Réquiem da alma - 29 de novembro de 2024
- Correntezas de um rio - 22 de novembro de 2024
Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, definitivamente, não escreve para leitores comuns. Leitores que frequentam liquidações populares de textos.
Os leitores de Ella Dominici são, antes, ‘arqueólogos’, em busca de textos sagrados, que poucas mãos têm o direito de tocar.
Ella Dominici é uma Esfinge real, que, às portas de seus textos, adverte aos leitores: “decifra-me ou te devoro!”
Obrigada ilustre amigo Sérgio Diniz, nosso editor mor.
Sinto- me emocionada com este comentário tão especial.
Vivas à literatura e um sensível Natal a todos!