Nilza Murakawa: Poema ‘Minha criança interior’


às 9:33 PM
Cantei a canção criança
Guardada na memória
Beijei flores, lambi doces
Redesenhei uma história
Borrei as unhas rosas
Chorei o choro sentido
Sujei meu vestido rodado
Aquietei um sonho reprimido
Respiro…
Respiro…
Sem pressa, respiro…
Lá está minha menina
De joelho ralado
Segurando margaridas
Com todo cuidado
Rodopia na chuva
Patina na lama
Faz sua casinha
Em cima da grama
Para quê sapatos
E lápis coloridos
Se pisa em nuvens
Contemplando céus tingidos?
Ah, minha criança…
Reconheci-a de longe
Respiro…
Respiro…
Sem pressa, respiro…
Ajoelho-me diante dela
Acolho-a em meus braços
Dou-lhe colo quente
E a recomponho novamente
Retiro-lhe os espinhos de rosa
Curo-lhe a ferida
Com sopros mornos
De mãe amorosa
Depois de um abraço apertado
Da minha criança bem cuidada
Solto-a do nó tão atado
E deixo-a ir brincar
Canto a canção criança
E respiro…
Respiro com leveza
O coração da menina
Que brinca na garoa fina
Bate feliz em mim
Estamos seguras agora
Nilza Murakawa
- Liberdade geométrica - 19 de março de 2025
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Natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras pela FMU, professora de Língua Portuguesa e Inglesa, artista plástica, escritora e poetisa. E-membro dos grupos Coesão Poética, Poemas à Flor da Pele e PoetArt, colunista do Jornal Gazeta de Aricanduva e da Revista Caras & Cores. É coautora das antologias Versos Di-versos — volume I, Editora Cidade e Poemas à Flor da Pele — volume 7 Editora Somar, e de eventos promovidos pela ALBAP (Academia Luso-Brasileira de Arte e Poesia). É autora do livro Pássaros na Garganta – Editora Somar e recebeu dois prêmios com os poemas Acinte e Ao teu gosto, no concurso em homenagem a Vinícius de Moraes. Suas pinturas, óleo sobre tela, estão espalhadas em vários estados brasileiros, no Canadá e nos Estados Unidos. Valendo-se de temas atuais variados e de elementos do cotidiano, a versátil escritora e artista expõe toda sua sensibilidade e nos empresta novos olhares através de suas obras.


Nilza, Você não escreve poemas, pinta-os com a Aquarela da Sensibilidade!
Muito obrigada, Sergio!
Honradíssima com suas palavras.