Nilza Murakawa: Poema ‘Liberdade geométrica’


Daqui de casa
Vejo o Sol nascer quadrado
Raios e ferros listrados
Bordados em ponto cruz
Lá em cima
Pipas coloridas, confusas
Driblam fios e linhas de vidro
Espiando de seus ninhos
Passarinhos desconfiados
No muro em frente
Rabiscos insistentes
Recados em códigos esquisitos
Tingem de negro e de cinismo
Toda aquarela do grafitismo
Deste lado da rua
Peões respingados da massa
Apressam os passos, sem graça
Domésticas arrumadas
Abraçadas com suas bolsas a tiracolo
Do outro lado
Em vidros semiabertos
Colarinhos engomados
Brincos e penteados
Voam blindados
Da esquina
O chope e as batatinhas
Mudaram-se para o quintal
Os guris de calças curtas?
Nem sinal!
No portão
Bem posicionados
Olhares eletrônicos
Nem só pela pizza esperam
Lavanderia, padaria
Pet shop, pedrarias
Manicure, pedicure
Jornal, revista semanal
Jontex®, calminex®
Buquês, marmitex®
E sapatos via sedex®
Meus pés sentem falta de gente…
Reféns de bichos
Minha história e a sua
Não são mais escritas
Com nossa tinta
Também não é mais redonda
Nossa lua
Meus olhos sentem falta do sol por inteiro…
Tem listras minha pele
Tem listras meu pijama
Nilza Murakawa
- Liberdade geométrica - 19 de março de 2025
- Minha criança interior - 6 de março de 2025
- Sol quadrado - 24 de fevereiro de 2025

Natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras pela FMU, professora de Língua Portuguesa e Inglesa, artista plástica, escritora e poetisa. E-membro dos grupos Coesão Poética, Poemas à Flor da Pele e PoetArt, colunista do Jornal Gazeta de Aricanduva e da Revista Caras & Cores. É coautora das antologias Versos Di-versos — volume I, Editora Cidade e Poemas à Flor da Pele — volume 7 Editora Somar, e de eventos promovidos pela ALBAP (Academia Luso-Brasileira de Arte e Poesia). É autora do livro Pássaros na Garganta – Editora Somar e recebeu dois prêmios com os poemas Acinte e Ao teu gosto, no concurso em homenagem a Vinícius de Moraes. Suas pinturas, óleo sobre tela, estão espalhadas em vários estados brasileiros, no Canadá e nos Estados Unidos. Valendo-se de temas atuais variados e de elementos do cotidiano, a versátil escritora e artista expõe toda sua sensibilidade e nos empresta novos olhares através de suas obras.
Nilza, publicar um poema como este é um presente pra mim! Este poema – tanto quanto seus textos em prosa – é uma verdadeira viagem redacional e, sobretudo, emocional! Sua habilidade descritiva é incrível, e sua cultura literária e geral oferecem aos leitores (sensíveis, evidentemente) um Banquete Literário!
Sergio!
Suas palavras me deixaram feliz e motivada. Obrigadíssima!
Seus textos é que me deixam motivadíssimos, Nilza!
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