Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
‘Educação e formação da pessoa humana’


às 10:43 PM
Educar e formar pessoas humanas implica conhecimentos, técnicas e avaliações diferentes das que se utilizam na construção de objetos, sejam edifícios, pontes, estradas, máquinas ou peças de vestuário e outras inúmeras coisas materiais. Preparar para a vida de cada pessoa, e em sociedade humana, não é o mesmo que programar uma máquina.
A pessoa humana: comporta e transporta princípios, valores, sentimentos, emoções, de que resultam atitudes que possibilitam o melhor ou pior relacionamento interpessoal; que promove, havendo para isso, vontade, a harmonia, a compreensão, a tolerância e a resolução de problemas sócio-culturais, pessoais e do grupo; que enriquecem as dimensões verdadeiramente humanas, como a ética, a religião, a política, a social e a inter-relacional, entre outras.
Educar e preparar a pessoa para a constituição de uma família, desde logo: a começar na “escolha” do cônjuge, nos princípios, valores e regras a implementar na educação dos filhos; as opções pelo tipo de educação; a profissão pretendida para o jovem; que direitos e deveres se podem conceder e exigir, respetivamente; que religião e práticas litúrgicas são compatíveis ou desejáveis, face a uma bem caraterizada cultura; enfim, tantos outros aspetos, pormenores e dimensões humanas, que é preciso acautelar, e/ou estimular e praticar, é uma tarefa grandiosa e apenas realizável pelo ser humano, justamente pela educação, formação, instrução e treino.
Educar e preparar a pessoa humana para o governo do grupo, da comunidade, da sociedade e do mundo, pressupõe um vasto conjunto de conhecimentos, de práticas, de experiências, que ao longo da vida, e de forma sistematizada, e orientada, devem ser: ensinadas e aprendidas; exemplificadas e praticadas; interiorizadas e manifestadas, por quem ensina e por quem aprende.
O professor que aqui se considera necessário, valorizado e insubstituível, prende-se com outros valores, com outras caraterísticas e capacidades singularmente humanas, porque se trata do docente que trabalha e forma pessoas, não objetos, nem animais, nem sistemas, obviamente, sem prejuízo para a complexidade destas atividades.
Defende-se o professor-formador, que em comunhão de: princípios, valores, sentimentos, emoções e objetivos, coopera com outros seus semelhantes, humanamente considerados, sem superioridade, nem vaidade, nem orgulho fundamentalista, porque esta última sensibilidade continua, hoje, primeiro quarto do século XXI, atual e terrivelmente real: «O orgulho, paixão feroz, rainha e mãe de todas as pragas sociais, opõe uma resistência invencível a essa conversão dos povos. O orgulho não mede a felicidade de acordo com o bem-estar, mas de acordo com a infelicidade alheia.» (MORUS, s.d.:139).
Verifica-se que a complexidade, ao longo da história da humanidade, na formação da pessoa humana, não é compaginável com quaisquer processos, meios e técnicas que excluam o professor/formador: seja no seu envolvimento direto e presencial; ou seja, à distância, defendendo-se, nesta reflexão, a sua intervenção presencial, porque nenhuma máquina robotizada vive, pensa, sente e age como a pessoa humana.
Considerar-se-á uma indignidade educar a pessoa humana, exclusivamente, por meio de uma máquina, que assim se superiorizaria em relação às mulheres e aos homens, e até os escravizaria, pelo contrário, aceita-se o uso das denominadas máquinas de ensinar, como igualmente o ensino à distância, utilizando as mais modernas e adequadas tecnologias, desde que o homem-professor/formador seja responsável pela programação, pelo controle, pela avaliação e altere, sempre que necessário, e também que, periodicamente, o aluno/formando possa reunir-se, direta e presencialmente, com aquele que, à distância, o vem orientando em forma de tutoria. Nestas condições até se reconhecem muitas vantagens neste tipo de ensino/aprendizagem.
Bibliografia
MORUS, Thomas, (s.d.). A Utopia, Prefácio Prof. Mauro Brandão Lopes, Trad. Luís Andrade, S. Paulo: Editora Escala.
Venade/Caminha – Portugal, 2025
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
- Cidadão luso-brasileiro - 28 de novembro de 2025
- Pensar o mundo para o século XXI - 21 de novembro de 2025
- A conflitualidade humana - 10 de novembro de 2025
Natural de Venade, freguesia portuguesa do concelho de Caminha, é Licenciado em Filosofia – Universidade Católica Portuguesa; Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea – Universidade do Minho – Portugal e pela UNICAMP – Brasil; Doutorado em Filosofia Social e Política pela FATECBA; autor de 14 Antologias próprias: 66 Antologias em coedição em Portugal e no Brasil; mais de 1.050 artigos publicados em vários jornais, sites e blogs; vencedor do III Concurso Internacional de Prosa – Prémio ‘Machado de Assis 2015’, Confraria Cultural Brasil – Portugal – Brasil; Prêmio Fernando Pessoa de Honra e Mérito – Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil’ 2016; Vencedor do “PRÊMIO BURITI 2016”; Vencedor do Troféu Literatura – 2017; Cargos: Presidente do NALAP – Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa;; Condecorações: Agraciado com a ‘Comenda das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker, Brasil’ (2017); Título Honorífico de Embaixador da Paz; Título Nobiliárquico de Comendador, condecorado com a ‘Grande Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral’ pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; Doctor Honoris Causa en Literatura” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.

