Ella Dominici: Poema ‘Fauno e mulher’


No véu da tarde teu gesto escorre,
lírio secreto no silêncio da pele.
Teu riso — água que nunca morre,
meu desvario que em ti se revele
O ar se curva ao calor do instante,
teu passo inventa a música da terra;
sou viajante do sopro distante,
onde o desejo em ternura se encerra
Não nomeio a chama que te procura,
pois na penumbra a palavra fere;
mas teu perfume, memória pura,
me veste inteiro do que não se mede
Teus olhos guardam a luz que devora,
um céu escondido na curva da aurora;
e quando a noite em teus olhos cresce,
um mundo novo em nós acontece
E se a manhã nos tocar devagar,
será teu nome a forma do amar
Ella Dominici
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento

