“Toda a pessoa, eventualmente, não nasce nem boa, nem má.”
(Diamantino Bártolo)
O mundo atual, primeiro quarto do século XXI, está “recheado” destes dois tipos de seres, na circunstância: pessoas que se comportam como “Anjos” (não como anjinhos), felizmente, muitas, mas sem condições para agir; outras, desgraçadamente, que talvez sejam muitas, são autênticos “Diabos” (Capetas), na sua pior conceção, resultando, em boa verdade, a proliferação e manutenção de inúmeros conflitos, sejam eles a nível individual, grupal, entre nações, ideologias, estratégias e interesses vários.
Tem sido nesta dualidade que algumas pessoas se movimentam na sociedade, revelando-se autênticas malabaristas dos relacionamentos humanos e, em geral, comportam-se de forma a passarem a imagem de sinceras, irradiando uma permanente simpatia, um sorriso persistente para, na opinião delas, conseguirem alcançar os seus objetivos interesseiros, todavia, muitas não passam de criaturas impostoras, falsas, desleais que trocam uma amizade autêntica e incondicional, por, como se costuma dizer: “um prato de lentilhas”
Tais seres, que na sua formação ético-moral, assim como no seu caráter, não passam de desprezíveis “Demónios”, conseguem, com mil e um artifícios, passar por “Anjos”, por pessoas que, forçada e hipocritamente, são capazes de levar a pensar, quem com elas convive, que os valores da honestidade intelectual, da gratidão, da lealdade, da amizade e da solidariedade, são as suas características de maior impacto.
Este tipo de “Anjos”, “sem asas e com pelo menos dois chifres”, é muito frequente surgirem em determinados contextos, principalmente, quando pretendem relacionarem-se com “Gregos e Troianos”, para daí retirarem os melhores benefícios, em proveito próprio, quantas vezes humilhando, ofendendo e magoando quem, até, eventualmente, durante certos períodos da vida os apoiou, sem reservas.
A sociedade, de certa maneira contribui para que cada vez existam mais “Demónios” vestidos de “Anjos”, porque o princípio, defendido por muitas pessoas, aponta no sentido de haver todo o interesse em se conviver com “Deus e com o Diabo”, na medida em que assim será possível alcançarem-se objetivos importantes na vida, alguns de seriedade ético-intelectual muito duvidosa.
Nas pequenas comunidades, (também na sociedade em geral) onde proliferam os “Demónios” disfarçados de “Anjos”, a hipocrisia, o cinismo, a traição, esta levada, inclusivamente, até ao seu limite, se dela resultar um grande benefício, que será a infidelidade, poderão ser comportamentos utilizados, por algumas pessoas.
Tal benefício, não tem de ser, necessariamente, material, podendo assumir uma dimensão de prazer sexual, de exibição machista ou feminista e, em algumas situações, de retaliação, de vingança, ou de simples indiferença, humilhação, para com outra pessoa, acerca da qual se pensa já não se precisar dela, apesar de, algumas vezes, num passado recente, se ter recebido grande e incondicional apoio.
As nossas pequenas localidades, as grandes cidades, o mundo em geral, na verdade, estão repletos de “Demónios” disfarçados de “Anjos”, que agem à falsa-fé, que apunhalam pelas costas, quem outrora lhes fez muito bem, que adotam estratégias evasivas, porque não têm a hombridade, nem o caráter, nem sequer um pouco de coragem e de vergonha, para assumirem que se relacionam sob a máscara covarde da falsidade: “Demónios”, profissionalmente, envernizados de “Anjos”.
A composição da humanidade tem, felizmente, acredita-se que em grande parte, pessoas muito boas, autênticos “Anjos” que, quais estrelas fulgentes, nos orientam na vida, pelos seus princípios, valores, sentimentos e boas condutas permanentes. Estas pessoas, que deveriam ser tomadas por referências, e excelentes exemplos, infelizmente, nem sempre são assim consideradas, designadamente, pela outra parte, constituída pelos “Demónios”.
Toda a pessoa, eventualmente, não nasce nem boa, nem má. A sociedade no seu todo, a família, os amigos, as companhias, as instituições, em particular, vão moldando a personalidade humana, naquilo que ela tem de dinâmico, porque alguns traços do caráter até poderão ser hereditários. Se assim é, então tornar-se-á necessário formar pessoas que possam vir a ser verdadeiros “Anjos”, no conceito mais nobre do termo: pessoas do e para o Bem, genuinamente dotadas de valores humanistas.
Nesta dualidade que compõe o mundo, a principal, será, porventura, a mulher e o homem que, obviamente, se complementam: seja para o Bem; seja para o Mal e que, tanto ela quanto ele, também assumem, em determinadas fases das suas vidas, os papéis de “Anjos” e “Demónios”, com consequências, por vezes, catastróficas, para uma das partes, ou até mesmo para as duas. “Anjos” e “Demónios” sempre existiram e vão continuar a conviver com todos nós. Não há que temê-los; há, isso sim, que nos aliarmos aos primeiros e precavermo-nos contra os segundos.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/Directoria.aspx
https://www.facebook.com/ermezinda.bartolo
http://diamantinobartolo.blogspot.com
Voltar: http://www.jornalrol.com.br
- O poder cognitivo - 22 de novembro de 2024
- Gerir e liderar, com arte e ciência - 7 de novembro de 2024
- O homem contemporâneo na relação do eu-tu! - 31 de outubro de 2024
Natural de Venade, uma freguesia portuguesa do concelho de Caminha, é Licenciado em Filosofia – Universidade Católica Portuguesa; Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea – Universidade do Minho – Portugal e pela UNICAMP – Brasil; Doutorado em Filosofia Social e Política: Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, pela FATECBA; autor de 14 Antologias próprias: 66 Antologias em coedição em Portugal e no Brasil; mais de 1.050 artigos publicados em vários jornais, sites e blogs; vencedor do III Concurso Internacional de Prosa – Prémio ‘Machado de Assis 2015’, Confraria Cultural Brasil – Portugal – Brasil; Prêmio Fernando Pessoa de Honra e Mérito – Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil’ 2016; Vencedor do “PRÊMIO BURITI 2016”; Vencedor do Troféu Literatura – 2017, ‘ZL – Editora’ – Rio de Janeiro – Brasil, com o Melhor Livro Educacional, ‘Universidade da Vida: Licenciatura para o Sucesso’; Cargos: Presidente do NALAP – Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa; ; Condecorações: Agraciado com a ‘Comenda das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker, Brasil’ (2017); Título Honorífico de Embaixador da Paz; Título Nobiliárquico de Comendador, condecorado com a ‘Grande Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral’ pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; Doctor Honoris Causa en Literatura” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.