Paulo Siuves: Crônica ‘Uma reflexão sobre o tempo e a trilha sonora da vida’
Parei no semáforo agora há pouco, a luz estava amarela. Sem saber ao certo quando ela havia mudado, por via das dúvidas, optei por parar. Por um momento, dei uma relaxada aguardando a transição do vermelho para o verde. Pareceu uma eternidade. Enquanto isso, uma música envolvente começou a tocar nos meus fones de ouvido, e o sinal finalmente liberou o caminho. Acelerei minha moto o suficiente para harmonizá-la com a batida da canção. O sinal verde ficou para trás, assim como o relaxamento momentâneo da espera no semáforo vermelho.
Essa música, aliás, é dos anos oitenta, uma época que traz muita nostalgia. Só quem é da minha geração curte com tanto prazer. Como brinca um meme com imagens de cantores das décadas de setenta e oitenta: “Eu ouço gente morta o tempo todo.” Mesmo que muitos dos meus artistas favoritos tenham nos deixado, alguns ícones do pop rock brasileiro ainda permanecem conosco, outros estão por aí fazendo sucesso (ou não).
Minha mãe me ensinou a gostar de música dos anos sessenta, e até mesmo algumas canções que suspeito serem dos anos cinquenta. Pretendo fazer uma pesquisa mais detalhada mais tarde. Todas essas canções pertencem ao século passado, assim como as músicas que fluem em minha mente enquanto escrevo. É surpreendente pensar que nasci no século passado (meu Deus!), mas ainda aprecio a música que se faz hoje em dia. Há uma infinidade de músicas de alta qualidade sendo lançadas atualmente, basta garimpar para encontrá-las.
É possível até mesmo namorar ao som das dez melhores músicas do mês. Difícil, mas tem que ser música boa de fato. Reduzir a seleção para as dez mais da semana, no entanto, não rola. Isso é algo que realmente não funciona, vão me desculpar. A maioria dessas canções parece sinalizar um “pare”.
E quanto ao futuro? Será a inteligência artificial a principal responsável pela composição musical e pelos lançamentos nas principais plataformas de streaming? Recentemente, recebi um link do YouTube que destacava a importância da música em filmes e animações de sucesso. A música trabalhada no vídeo abordava o Dia dos Mortos e como uma canção era capaz de materializar as emoções que o espectador deveria sentir. A música é isso. De fato, um sinal que nos orienta a esperar, parar ou seguir adiante.
Eu estou seguindo adiante, certamente que isso signifique uma viagem ao meu passado, em busca do conforto que essas músicas antigas me proporcionam. E você? Prefere se acomodar e desfrutar de músicas do passado?
Paulo Siuves
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Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG. Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.
Minha caixa de som, direto do meu celular , só músicas de décadas passadas . Uma seleção de mais de cem, só sucessos dos anos 70 e 80 que não troco por nenhuma dessa década . Posso afirmar que também “ouço gente morta o tempo todo “.
Muito envolvente e inteligente esse texto do escritor Paulo Siuves, ali uma inspiração num sinal de trânsito, maravilhoso.
Parabéns caro poeta .
Olá, Eliany. Que legal sua seleção musical retrô, nada como os clássicos para embalar os dias, né? Fico feliz em saber que o meu texto conseguiu capturar a essência nostálgica que você aprecia. É verdade, a inspiração realmente pode surgir nos lugares mais inusitados, até mesmo em um simples sinal de trânsito. Obrigado por compartilhar essa vibe única conosco!