Ivete Rosa de Souza: Poema ‘Lamentos’
Por que choras minha alma?
Acaso não te acompanho em tuas andanças,
Em teus arroubos e anseios?
Não estou presente quando choras ou quando ris?
Não sou eu que sinto o peito apertado?
Que dou vazão ao rio de lágrimas
Que me rasgam os olhos?
Por que então esse pranto derramado, doído,
Doído, que me alimenta de tristeza?
Sei que te enganas às vezes, mas não és só,
tens um coração afoito por vezes traiçoeiro,
que bate neste corpo que habitas,
um cérebro que se espanta, que quebranta e se rebela,
com essas emoções humanas.
Às vezes a fúria se apresenta, outras vezes o medo se esconde,
ou responde com lamentos.
E há tantos planos que são roubados pelos ventos.
Tantos sonhos costurados, desfeitos ponto a ponto,
depois remendados.
Não chores mais minha alma, o pranto
espantas a felicidade.
Esqueces que a saudade também pode trazer promessas?
E há tantas delas escondidas em ti, não deixe tua aura
da verdade, tua vontade, teu desejo adormecer.
Dá-me asas para a liberdade, deixas-me alcançar a plenitude,
com a atitude e coragem, que só os fortes conhecem.
Meus olhos verão a luz dos teus,
na espetacular existência terrena, enquanto
a luz atravessa o tempo de existir e transcender
do mundo físico ao etéreo.
Então serás liberta minha alma, não mais encontrarás
Motivos para chorar, enfim encontrarás a infinita perfeição.
Ivete Rosa de Souza
Contatos com a autora
- Deixe-me sangrar - 18 de outubro de 2024
- Pés descalços - 9 de outubro de 2024
- Lua - 2 de outubro de 2024
Natural de Santo André (SP) e ex-policial militar, é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros. Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive, a participar de peças escolares ajudando na construção de textos. Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente, começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP). Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.