Ella Dominici: ‘Desafiando o vital desafio: Invicto’
Desejou Deus e o fez.
Gemeu o mundo na criação, gemido de êxtase no nascimento do universo, em explosiva emoção do esplêndido.
Formou luz, astros, cor e detalhes, no gesto Criador.
Seres e oceanos, seres e atmosfera, seres e floras,
céu e terras.
E a oposição se fez negrume, enquanto vida era lume.
Jamais desocupou trevas, antes e antes do antes.
Para vencer o desafio de desafiar escuridão e sombras,
aglomeração de nuvens, névoas que cobrem os olhos
das agonias de solidão e melancolias…
Criou o Artífice bem assim.
Estrelas infinitas estrelas
Areias incontáveis areias
Águas tantas águas
Macho e fêmea
Homem e mulher
Espírito e alma
Amor que quer gestos contínuos
de vidas e mais vidas
Homem, Adão dos homens
Mulher, Eva das mulheres.
Desafiando a própria Criação que é indiscutível.
E a continuidade foi vencer a incredulidade pela manutenção da vida.
Crer na invencibilidade às afrontas quaisquer.
Durante a caminhada da vida, passa-se por
percalços em aflições ,
lágrimas caídas, sorrisos deixados,
dores esquecidas,amores negados.
Tudo anotado.
O desafio maior do existir é o nascer,
a afronta maior do existir é se despedir desta existência.
É pacificar a própria consciência.
Verdades absolutas e resolutas de si.
O desafio superior é o renascimento.
Trata-se de luta contra hostes espirituais da maldade,
no vencer a iniquidade, crises de realidades,
desejos intensos, ambiguidades;
tudo pela verdade da Alma.
É quando se encontra a liberdade do que se conseguiu,
não se agiu, existiu, partiu
É quando se alcança a liberdade do rigor,
das lâminas de adagas afiadas à vida.
E o amor buscou do corpo o adeus sincero e além dele sorriu ao Eterno
O amor além-corpo se alça ao voo, no desafio supremo do renascimento.
O sentido da morte é já ter sido vencida, é o sentido divino à vida.
Transcende o homem como coautor da própria história,
pelo Consumador de sua fé, de sua Eternidade.
No final do vital desafio a Vitória da vida pela Vida.
Ella Dominici
Contatos com a autora
- Soneto do mel - 18 de novembro de 2024
- Morenos fios - 11 de novembro de 2024
- Seres secos - 28 de outubro de 2024
Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, uma das coisas que adoro nos filmes dirigidos pelo Spielberg, são os inícios: retumbantes!
O seu poema é assim:
“Desejou Deus e o fez.
Gemeu o mundo na criação, gemido de êxtase no nascimento do universo, em explosiva emoção do esplêndido.”
Gratidão por compreender e apreciar o poema que trata do que é magnânimo!
Coisas magnânimas, Ella, devem ser expressadas por palavras e emoções à altura!