Ella Dominici: Poema ‘Aurora nórdica do amor’
em mares nórdicos
navega homem e busca
encontrar próprio destino
fada-lhe o espírito
dói-lhe vida tão tosca
tenta achar seu solstício
nas peladas águas frias
barco branco em liso ventre
desliza
fecha os olhos, mentaliza
curvas de um corpo entre
glória e euforia
escorrega o mastro
em fogo na virilha
deixa n’água rastro
no oceano avista o pórtico
entre fiordes cristalinos
geleiras diamantes poéticos
coroa transparente do destino
enxerga altos bicos nus que brilham
a vela move, a veia sorve, suor escorre
na testa gelam pingos de lua
os bicos seios são só miragem
o alcance do eros-desejo bobagem
da lua de verão cheia e nua
se frustra a alma apaixonada
o tudo ou nada segue viagem
atravessa polos de madrugada
pórtico penetra como em virgem
sumo milagre da alta atmosfera
se funde às partículas solares
no vento qu’as trouxe em plenos mares
voltarei com a êxtase que me dera
o brilho que observo em céu noturno
no âmbito do norte magnético
desfaz quem desmedrava taciturno
no pórtico nasce ser sinérgico
espírito uno completo
homem mulher unidos são
fenômeno perfeito da existência
partículas imantadas
fluorescência
reflexivas no real
milagre da óptica glacial
magnífica aurora
aurora boreal…
finalmente nós dois
norte e final
Ella Dominici
Contatos com a autora
- Soneto do mel - 18 de novembro de 2024
- Morenos fios - 11 de novembro de 2024
- Seres secos - 28 de outubro de 2024
Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento