Ella Dominici: ‘Saudosismo daquelas gentes e pássaros’
Saudade tanta atingira os passarinhos
viram queimados outros, a fogo,
rastros deixados lembrariam atos
fúnebres
Àqueles que alçaram
lindo porte e cores, ou ainda cantigas das árvores amigas,
cotidianas sombras às galhardas danças ?
O que cantam estes olentes sentimentos
de saudades dos oboés em odes?
o que falta aos pequeninos emplumados
no sereno amanhecer,
marchando pisadelas em folhas de rasgos
do amarelo outonar do ser ?
“Saí-bicudo”
louvou em celeste hino norte à sul.
em caminhada sabiás aos longo
do retorno anunciado,
admiráveis cantores dizendo palavras versos
e algum grito nos leves estros
ao som de assobio afinado, fogem
do peito-pássaro-poeta-apaixonado,
deixando vozes de amor à vida em seu voo,
às altas virtudes enverga-se meigo ninho
ouvindo falas pios aos ventos mágicos,
passarinhas em seus mimos e carinhos
Constelando-se estrela erguida
que tudo lembrará à selva
no passado-pássaro-pensamento
passarinhando em Gonçalves,
Dias cintila asas de antes
e madrigais momentos galanteios,
Onde sonho, devaneio ido,
ainda gorjeia um chorinho:
Saudades!
Ella Dominici
Contatos com a autora
- Soneto do mel - 18 de novembro de 2024
- Morenos fios - 11 de novembro de 2024
- Seres secos - 28 de outubro de 2024
Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, somente versos ellanianos para pintar de beleza a tragédia da Mãe Natureza!
A mesma saudade de sua terra, que Gonçalves Dias em seus versos poetizava, é a que hoje deixamos em um poema onde os pássaros e biodiversidade
num “chorinho incontido” se indignam com a devastação.
Sérgio, obrigada pelo comentário sensível para com as letras à Mãe natureza!