Ella Dominici: Poema ‘Línguas e linguagens’
Algumas são lindas línguas
seja porque são rosadas
lisas, afiladas ou até macias
como suculentas, beijam e saboreiam
Algumas são enrugadas
desabrigadas de belezas dentais
denotam solidão acústica
se entregam na fome
e não degustadas
não degustam também as tais
Algumas são afáveis penas
de um destro escritor
habilidosas descrevem cenas
dizem palavras de amor
Outras línguas elegantes
são tão intelectuais e eloquentes
reportam fatos e nanobstantes
salmodiam, parodiam em tribunais
palanques palcos recitais
As mais selvagens lambem
como primitivas línguas
denunciam e são falsas
afiadas adagas
transpassam carnes e almas
Ella Dominici
Contatos com a autora
- Soneto do mel - 18 de novembro de 2024
- Morenos fios - 11 de novembro de 2024
- Seres secos - 28 de outubro de 2024
Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Um pequeno tratado sobre as línguas e as linguagens, Ella!
Com versos, você pintou uma tela, composta com vários movimentos artísticos, devidamente emoldurada!
Ilustre editor amigo, Sérgio Diniz,
Mais uma vez, sinto-me grata por apreciar o poema como um ‘crítico da Arte’.