Virgínia Assunção: Poema ‘Abismo’
Nos campos silentes, sob a terra úmida e fria,
dormem jovens mulheres, cujas almas já se foram,
cada túmulo, histórias de amores e dores
de corações vazios, sonhos que não mais afloram.
Elas esperaram por sussurros nas madrugadas,
sofrendo muitas vezes, uma vida de ausência
por mãos que nunca chegaram, por abraços adiados,
caminharam sozinhas por estradas de carência.
O vento acaricia as lápides com tristeza,
mas a morte, essa companheira que circunda
veio e tocou-lhes com crueldade a beleza
deixando-lhes em silêncio na terra profunda.
Oh, quantas lágrimas secaram antes de cair,
quantos olhares se perderam sem jamais sorrir,
e agora o túmulo guarda, com sua paz tão fria,
as bocas caladas, sem eco, sem riso, sem poesia.
Quão bom se o mundo lembrasse ao passar por ali,
dessas almas que partiram sem provar seu valor,
dessas flores que murcharam sem nunca se abrir,
dessas mulheres que morreram por falta de amor.
Virgínia Assunção
Contatos com a autora
- Abismo - 1 de novembro de 2024
- Foi-se - 9 de setembro de 2024
- Soneto para Paulo - 30 de agosto de 2024
Que lindo!
Apaixonada por este poema!
Que poema lindo, amiga. Parabéns! É uma realidade triste que faz sangrar a alma da gente.
Aprecio , uma reflexão profunda e poética muito bela, que trouxe de forma clássica o sentimento de um Requiém de Mozart, com notas fúnebres mas com perfeição!