Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Mestra régia’
(Tributo à negra Úrsula, Maria Firmina dos Reis)
Amanhece…
e sob um sol despido e límpido,
pelas janelas do vento,
da cidade ilha do amor, São Luís,
cantava em versos a poeta,
numa intrepidez
no combate escravagista,
pertinaz à liberdade.
Debruçada na sacada dos sonhos
de um passado de lutas e conquistas
detentora de dons artísticos,
poetisa,
escritora,
compositora
e colaboradora da imprensa maranhense,
publicou ficção, crônica,
enigmas e charadas.
Entretanto, difundida entre literatos,
a primeira romancista brasileira,
versou com destreza
quebrando paradigmas e preconceitos,
destacando-se com mérito e louvor.
No silêncio sombrio, a educadora,
descreveu em plena atuação do magistério,
na doçura dos vocábulos,
sua primeira obra o romance “Úrsula
e com destaque, a voz negra,
ressaltou a escravatura,
a injustiça e a dor sofridas – cruéis agruras,
de forma atroz.
Assim, em atuação,
sua história foi marcada
a exemplos de ousadia,
coragem e superação,
enfrentando as forças machistas
na sociedade
fundou uma escola mista
sem distinção por gênero.
Desse modo, a defensora da Abolição
publicou o conto “A Escrava”,
abordando a problemática
da discriminação racial brasileira,
e como precursora causa abolicionista,
com hombridade,
a era escravagista numa luta incansável!
O teu legado ampliou horizontes
construindo pontes
para desbravar o mundo poético
e com tenacidade,
conquistar o caminho da liberdade.
Enfim, na tarde solitária
pelas vidraças das cortinas
do ocaso,
o sol deleitava-se
e o crepúsculo adormecia
ao acordar da lua
no anoitecer da Úrsula, Mestra Régia.
Ceiça Rocha Cruz
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Maria da Conceição Rocha Cruz, conhecida no meio literário como Ceiça Rocha Cruz, é poetisa e escritora de Penedo/AL, funcionária pública federal/MS aposentada. Bacharela graduada em Serviço Social/UNIT Aracaju/SE. Escreve poesias desde 1999. Seu maior ideal é fazer dos sonhos o encanto. Acadêmica e comendadora Ativista da Cultura Nacional da FEBACLA. Embaixadora Imortal da Paz, comendadora da Real Ordem da Águia Dourada de Blekinge e Dra. h. c. em Direitos Humanos e Literatura da OMDDH. Acadêmica da AILAP, AIAP, AILB-FOCUS-Brasil, APLACC, AML, AMBA, AHBLA, AIEB, AICLAB e AINTE. Detentora de honrarias, prêmios e títulos. Coautora em 65 antologias poéticas. Livros solos publicados: No Silêncio da Noite, Caminho das Águas e Poemas Sob um Sol Poente.
Ceiça, esteja a Maria Firmina onde estiver, certamente ficou emocionada com a sua homenagem!