Ella Dominici: Poema ‘Gueixa: dama da noite’


às 17:05 PM
Lua que clara e evidente
em seu raio e vigília
vislumbra no tocável olhar
ela não se escolhe nem o pode
vê tulipas e cravos não os colhe
jardineira cultiva mexe e remexe
terra do desejo dormente
aduba-se da própria fertilidade
da luz diurna e digna que a aquece
não se pode dizer ao Sol: mais sol
à chuva: mais ou menos chuva
lume do dia a chama fêmea não de si
noite chegada leva a mulher
ao Vesúvio que devasta dama
coração morre lentamente
na chama que não é sua e se queima
folhas rubras da esperança que
não restam na memória ao dia
somente a pintura do rosto
que escreve o não poder querer
arte do mundo imaginário
onde se dança canta e dá risadas
bela sombra do segredo
olhos de águas profundas
marcas que cirandam em roda
em água azul inda rodopia
dissipa-se na lágrima o desejo
até que durma e dela suma
Ella Dominici
- Mulher que escreve a vida - 7 de março de 2025
- Cavalgando lembranças - 28 de fevereiro de 2025
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, você descreve o infeliz quadro dessas mulheres que passam a vida inteira sob o jugo de homens brutos, insensíveis. Semelhantes a flores, abertas em todo o esplendor, mas que, dia a dia, murcham sob as intempéries de um feroz predador!