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 O silêncio é uma forma de amor

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Ella Dominici: ‘O silêncio é uma forma de amor’

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem criada por IA do Grok

Em ressonância com Léopold Sédar Senghor

Silêncio.
É nele que o amor se reconhece.
Não no grito, nem no toque,
mas naquilo que pulsa quando o mundo cala.
O silêncio é um corpo que respira entre dois corações —
um sopro antigo, herdado da terra.

Sou mulher feita de luz e sombra,
como a árvore que recorda o chão e ainda assim deseja o céu.
A minha pele carrega memórias de séculos,
areias de mulheres que dançaram sobre a mesma dor e esperança.
Em mim, há o sangue das que não se ajoelharam
e a ternura das que ensinaram o perdão com o olhar.

Tu me olhas, e em teus olhos reconheço a ancestralidade da noite.
Há um continente inteiro entre nós —
mas o amor atravessa oceanos invisíveis.
Teu silêncio me fala em língua de tambores,
onde cada batida é um nome,
cada pausa, uma oração.

Amo-te não como quem possui,
mas como quem devolve ao universo o que era dele.
Teu corpo é território e templo,
é tambor e travessia.
Quando te toco, não busco a carne:
procuro a lembrança da vida.

O amor é uma forma de resistência.
Ser mulher negra é guardar dentro do peito
a geografia inteira do tempo —
é ser pátria e poema,
vento e raiz, voz e eco.

E se o destino me reduzir em cinzas,
como temeu Senghor,
que minhas cinzas fertilizem o solo da ternura.
Que minhas palavras cresçam como flores negras sobre o medo,
e que cada pétala diga: “Eu amei, e por isso vivi”.


Ella Dominici

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Rute Ella Dominici
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2 thoughts on “ O silêncio é uma forma de amor

  1. Ella, este poema é uma belíssima homenagem à raça negra! Uma finíssima, preciosíssima Tapeçaria Literária!

    Mais uma vez, destacar trechos é, praticamente, destacar o poema integralmente. Contudo, não posso omitir alguns:

    “Em mim, há o sangue das que não se ajoelharam/ e a ternura das que ensinaram o perdão com o olhar.”

    “Tu me olhas, e em teus olhos reconheço a ancestralidade da noite.”

    “Teu silêncio me fala em língua de tambores,/ onde cada batida é um nome,/ cada pausa, uma oração.”

    “Teu corpo é território e templo,/ é tambor e travessia./ Quando te toco, não busco a carne:/ procuro a lembrança da vida.”

    E fechando com Chave de Ouro:

    “Que minhas palavras cresçam como flores negras sobre o medo,/ e que cada pétala diga: “Eu amei, e por isso vivi”.

  2. Queridissimo editor-mor Sérgio Diniz,
    Sinto-me feliz com sua maneira de absorver a poética e a mensagem eterna à magnitude timbrada
    nas tábuas de nossos ancestrais. Possa a contemporaneidade ressoar vozes de amor e gratidão!

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