dezembro 05, 2025
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O voyeur

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José Antonio Torres: ‘O voyeur’

José Antonio Torres
José Antonio Torres
Imagem criada por IA do Grok

Embora muitos casos tenham acontecido naquela casa de cômodos, a que já me referi em crônicas anteriores, finalizo essa sequência com este caso. Ressaltando que todos os casos são verídicos.

Naquela casa de cômodos moravam cerca de vinte inquilinos. Alguns quartos possuíam duas camas, outros três e havia um bem espaçoso, que possuía quatro camas. Era um tempo em que a violência não era como a de hoje em dia. Não havia roubo de pertences de um morador por outro.

A casa era antiga e na parte externa ao corpo principal da casa, na parte dos fundos do quintal, havia um banheiro com uma parede que dividia as partes do vaso sanitário e a do chuveiro. Havia portas individuais com fecho por dentro e por fora de cada ambiente. Eles eram independentes. Além disso, havia um grande tanque feito de pedra, ao lado dos banheiros. Nunca houve qualquer problema ou confusão. O fato de os inquilinos serem apenas homens certamente contribuía para isso.

Ocorre que certa vez deu um problema no chuveiro interno da casa, que era utilizado apenas pela dona da casa de cômodos e seu filho, que estava ainda iniciando a adolescência. Devido ao problema no chuveiro interno, a senhora foi tomar banho no chuveiro comunitário citado anteriormente. Aproveitou o meio da tarde pois a maioria dos inquilinos estaria trabalhando.

Após terminar o seu banho, um inquilino que estava em casa pediu para falar com ela. Contou-lhe que se dirigia ao banheiro, quando percebeu um outro inquilino agachado, tentando olhar por baixo da porta do banheiro onde ela estava tomando banho. O outro assustou-se e saiu, dirigindo-se ao seu quarto. O inquilino que presenciou aquela cena disse-lhe que ficou ali no tanque fazendo a barba e esperando para ver quem sairia do banho e comentar o que havia presenciado. Quando viu que era a senhora que havia tomado banho, se revoltou ainda mais com a atitude do tarado. O que chama a atenção é que o voyeur não tinha como saber quem estava tomando banho. Ela perguntou qual foi o inquilino que fez aquilo, e ele falou. Ela esperou um outro inquilino, que era o mais antigo do lugar, chegar do trabalho. Contou-lhe o ocorrido e pediu ajuda para dar uma lição no voyeur.

Ela possuía um tipo de cassetete que era constituído de um cabo telefônico grosso e emborrachado, com uma das extremidades dobradas para que se encaixasse no pulso. Ela estava espumando de raiva pelo acontecido e, com o outro morador, dirigiu-se ao quarto do voyeur e bateu à porta. Quando ele abriu, ela e o outro inquilino entraram. O outro imobilizou o voyeur, e a senhora, com os olhos faiscando de raiva, ia dando-lhe vigorosas lambadas e perguntando se ele gostava de ver mulher tomando banho. Mesmo não dando para ver nada, a intenção dele o incriminava. Ela bateu com vontade.

Após cansar de ‘descer-lhe a ripa’, determinou que ele fosse embora da casa.

Quando, ao final da tarde, o filho dela chegou do colégio, ficaram sentados no degrau da porta da sala que dava para o quintal, como sempre faziam, tomando o fresquinho do final de tarde. Nisso, passa o voyeur vindo do chuveiro com uma toalha aberta sobre as costas. Quando ele passou, o menino viu, mesmo com a toalha, lanhos vermelhos que se estendiam para onde a toalha não cobria. Ele mancava também.

Espantado, o menino perguntou à mãe se ela tinha visto. Ela então contou-lhe o que havia acontecido e que havia sido ela quem dera aquelas lambadas nele. Disse, também, que ordenou que ele fosse imediatamente embora da casa.


José Antonio Torres

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31 thoughts on “O voyeur

  1. Amigo texto muito interessante. E parece que vc está migrando para o romance de suspense ou policial!Com pitadas de sexualidade?É um misto de Henry Miller com Edgar Alan Poe?Exagerei??🤣

    1. A verdade é que, infelizmente, esse texto muito bem redigido é algo comum no cotidiano de algumas mulheres. Invadidas na sua privacidade de forma recorrente e das mais diversas formas.

      1. Maurício, muito obrigado pelo carinho.
        Infelizmente, ainda nos dias de hoje, existem os doentes morais.
        Um forte abraço de luz.

    1. Luiz Antônio, vi que o seu comentário saiu duplicado, pois você percebeu um probleminha no primeiro.
      Ele levou lambadas dadas com intensa vontade. E olha que naquele tempo nem se dançava lambada!
      Muito obrigado pelo carinho.
      Um forte abraço de luz.

    1. Lídia, muito obrigado pelo carinho.
      Ainda bem que essas coisas nao aconteceram nos dias atuais. O desfecho poderia ser outro…
      Um beijo de luz no teu coração.

  2. Meu amigo, uma narrativa cotidiana de outros tempos. Talvez hoje teria outro desenlace. Parabéns pela beleza da explanação que nos remonta na vivacidade do enredo. Abraço. Gostei muito.

    1. Salvador, muito obrigado pelo carinho.
      É sempre gratificante quando o texto do autor atinge o objetivo desejado, tocando o coração do leitor. Seja de forma sublime, como reflexão ou expectativa.
      Um forte abraço de luz.

    2. Mulher de atitude e inquilino fiel e respeitoso, que tomou para si as dores da dona da casa de cômodos. Até que a surra foi bem merecida para uma atitude infantil e audaciosa. Também achei que tem uma pitada de Edgar Alan Poe! 😂

      1. Helena Mazurk, muito obrigado pelo carinho.
        Momentos muito tensos…
        Gostei da “pitada de Edgar Allan Poe”. rsrsrs
        Um beijo de luz no teu coração.

    1. Ivone, muito obrigado pelo carinho.
      Foi uma atitude de indignação e revolta, mas que poderia ter havido consequências. Nos dias atuais, receio que haveria alguma represália.
      Um beijo de luz no teu coração.

  3. Uma estória tão interessante, que parece, que lendo, estamos fazendo parte dela.
    Infelizmente, são coisas, que ainda existem, nos dias de hoje; e, de forma bem mais sofisticadas, com o auxílio da tecnologia…
    Precisamos ter atenção e muito cuidado!

    1. Regina, muito obrigado pelo carinho.
      Tem razão, a tecnologia proporcionou novos métodos para esses doentes darem vazão ao seu distúrbio. Como recentemente ocorreu, em que uma câmera foi colocada no banheiro feminino de uma escola e as imagens captadas na sala de um, se não me engano, diretor. Triste.
      Um beijo de luz no teu coração.

  4. Vc devia escrever um livro de suspense, queria que a história continuasse. As mulheres até hoje passam por todo tipo de violência, é triste. A história foi muito bem escrita, me prendeu, parabéns.

  5. Luciana, muito obrigado pelo carinho.
    Fico feliz que tenha apreciado a história, que é verdadeira.
    Vou pensar na tua ideia de escrever um livro de suspense. Quem sabe acontece? Olha aí, já começou o suspense. Rsrsrs
    Um beijo de luz no teu coração.

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