Ivete Rosa de Souza: Crônica ‘Memórias da saudade’
Saudades são doces memórias, legado que o destino adocicou e colocou em nossas vidas. Sentimos um cheiro bom, de alguma forma lembramos de alguém, algum lugar, ou acontecimento. Ouvimos uma música, lá vem a memória, o doce acorde da saudade.
O amor, a beleza do encontro firmado no tempo. Saudades da meninice, dos folguedos, do carinho e presença de nossos pais, avós e tantas pessoas que de alguma forma nos tocaram o coração.
A alma nos presenteia com sentimentos felizes, gentilmente nos doa essa presença de luz, geralmente em nossos dias de introspecção ou de desencanto.
Abre as portas da memória, para nos fazer sentir, ver a vida transitória. Mostrando nos pequenos momentos que vivenciamos paz, alegria e companheirismo. É assim a vida, feita de pequenos blocos, empilhados um a um, com o nosso tempo vivido com aqueles que compartilharam vida, amor amizade, ou simplesmente um único momento que marcou para toda a vida.
A vida é continuamente feliz se olharmos para trás, constatando as memórias felizes. Claro que todos nós temos nossos percalços, altos e baixos. Tropeços que sabiamente preferimos esquecer. Lembranças tristes causam dor, saudades substituem essas memórias que nos causam dor, por outras costuradas à mão por dias felizes, essas as memórias saudosas, que nos fazem rir, sentir um calor na alma, um lampejo de esperança no coração.
Somos feitos de pequenos e grandes acontecimentos. Saudosos de boas memórias, dos dias das primeiras conquistas. O primeiro dia de aula, o primeiro amor, o primeiro beijo e tantos outros primeiros momentos de grandes acontecimentos.
A primeira palavra de um filho, o primeiro passo não esquecemos, fica gravado e repetidamente visualizamos com alegria e saudade.
Um dia eu e todos os outros humanos com certeza teremos saudades de ter habitado este planeta. E quando alguém, em um momento lembrar de um de nós, seremos essa partícula, esse pequeno bloco de uma memória que esse alguém, sorrindo, lembrará de nós, com saudade.
E tenha certeza, também sentiremos saudades dessa pessoa. Constatando que amamos e fomos amados.
Ivete Rosa de Souza
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Natural de Santo André (SP) e ex-policial militar, é uma devoradora de livros. Por ser leitora voraz, para ela, escrever é um ato natural, tendo desenvolvido o hábito da escrita desde menina, uma vez que a família a incentivava e os livros eram o seu presente preferido. Leu, praticamente, todos os autores clássicos brasileiros. Na escola, incentivada por professores, participou de vários concursos, sendo premiada – com todos os volumes de Enciclopédia Barsa – por poesias sobre a Independência do Brasil e a Apollo 11. E chegou, inclusive, a participar de peças escolares ajudando na construção de textos. Na fase adulta, seus primeiros trabalhos foram participações em antologias de contos, pela Editora Constelação. Posteriormente, começou a escrever na plataforma online Sweek a qual promovia concursos de mini contos com temas variados, sendo que em alguns deles ficou entre os dez melhores selecionados, o que a levou à publicação do primeiro livro, Coração Adormecido (poesias), pela Editora Alarde (SP). Em 2022, lançou Ainda dá Tempo, o segundo livro de poesias, pela mesma editora.