Ella Dominici: Poema ‘Tempo ancora em silêncio’
O silêncio empoeirou-se
onde não há levante
de pássaros a cantar
onde não te começas choro
nem voas
nem nascente de águas
onde nadavas peixe
em toda volta
todo o ar de avoar
O silêncio empoeirou-se
dele voz nem se nota
vem vai e volta
é possível ver-me pó
Tempo ancora em silêncio
Tempo passa não espera a gente, que sente
amarras de todos e mundo não o resiste
com toda a sabedoria não o sabem ver bem
qual porto seguro, âncoras, correntes o retém
mas quando teus olhos me olharam de amor doce
senti a visão de suas mãos querentes
carícias em perfume
escutando seus lábios de melodia
vi a alegria
no silêncio sem tempo
pleno de corações.
Compreendi que o tempo
não tem dias mornos, horas frias
não começa nem finda no antes depois ou ainda
os encontros são subtrações dos reais anos
onde sobejamente sorriem
segundos sonoros dos sonhos
Ella Dominici
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento