novembro 06, 2024
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A Grande Fúria do Mundo

Paulo Siuves: Crônica ‘A Grande Fúria do Mundo’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
“…Pois sabemos que, ao fim, nos teus braços, seremos todos iguais, todos silenciosos, todos eternos na tua fúria serena.”
Imagem criada pela IA do Bing

Ah, Morte, és tu a eterna sombra que percorre as trilhas da vida! Na imensidão do viver, és o ponto final que a todos iguala. És a grande fúria do mundo, a inevitável tempestade que varre os sonhos e as esperanças, deixando atrás de ti o silêncio frio do vazio.

Tu, que decides o fim de todas as jornadas, vens com teu manto negro e teus olhos sem vida, apagando a chama da existência. Teu toque é gelado, arrepiando os vivos, teu abraço é a morada derradeira que a todos acolhe sem distinção. És a irmã sombria da vida, a companheira inseparável do tempo, que caminha ao lado dos mortais, lembrando-lhes constantemente da finitude de seus dias.

Em cada pôr do sol, no declínio das horas, vejo teu reflexo, Morte, na agonia dos últimos raios de luz. És a consumação de todos os momentos, o suspiro final que nos arranca da carne e nos devolve ao pó. Nos teus braços, acabam as dores e as delícias, acabam as lutas e as conquistas, e resta apenas o silêncio impenetrável do nada.

Oh, grande fúria do mundo, tua presença é um paradoxo cruel. És temida e desejada, repudiada e acolhida. No teu seio os cansados descansam, os atormentados encontram paz. Mas, ao mesmo tempo, és o terror dos corações, o fantasma que assombra os sonhos, a certeza que corrói a alma.

Tu, Morte, és a revelação do efêmero. Em teu nome, o homem constrói monumentos e cria memórias, na vã tentativa de se perpetuar além de ti. És o espelho em que se refletem todas as vaidades, a prova de que, diante de ti, somos todos frágeis, todos perecíveis.

No entanto, há quem te veja como a libertação suprema, o fim das amarras da existência. És a porta para o desconhecido, o portal para o infinito. Na tua escuridão, há quem encontre a luz, na tua ausência, há quem encontre a plenitude.

Ah, Morte, grande fúria do mundo, és o dilema insolúvel da vida. Na tua sombra, somos chamados a viver intensamente, a amar com urgência, a sonhar sem limites. És a adversária que nos impulsiona, a força que nos desafia a encontrar significado no breve lampejo de nossa existência.

E assim, enquanto caminhamos na tua direção inevitável, tentamos, em cada passo, fazer valer a jornada. Pois sabemos que, ao fim, nos teus braços, seremos todos iguais, todos silenciosos, todos eternos na tua fúria serena.

Paulo Siuves

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5 thoughts on “A Grande Fúria do Mundo

  1. Paulo, de todos os seus textos que publiquei até agora, este é o que mais gostei! Na forma e no conteúdo! Impecabilíssimo! Merece ser impresso, emoldurado e colocado na parede de sua sala!

  2. Prezado Sérgio Diniz da Costa,

    Agradeço profundamente suas palavras tão gentis e motivadoras sobre minha crônica “A Grande Fúria do Mundo”. Saber que meu texto tocou seu coração e o inspirou a tal ponto me deixa sem palavras. Sua leitura atenta e sensível me emociona e me faz sentir que todo o esforço valeu a pena.

    É uma honra enorme receber um elogio de alguém com a sua expertise e experiência no jornalismo. Sua opinião me deixa ainda mais convicto da importância de continuar escrevendo e buscando aprimorar minha arte.

    Espero que continue apreciando minhas crônicas e que possamos ter a oportunidade de trocar mais ideias sobre literatura e a vida em breve.

    Aproveito a oportunidade para agradecer ao jornal por publicar a minha crônica e por todo o apoio que tenho recebido.

    Com os mais sinceros agradecimentos,

    Paulo Siuves

  3. Boa noite, nobelíssimo doutor. Não posso e nem consigo objetivar essa obra ” A grande fúria do mundo”. Parabéns, meu amigo!

  4. Em todos os textos que li sobre a vida e a morte esta emocionada crônica do poeta e escritor Paulo Siuves tocou no mais profundo do meu âmago e me fez sentir uma reflexão sobre a importância do conhecimento em escrever e passar toda essência mais pura desse tema tão especial e incompreensível para nós pobres mortais .
    Parabéns , vale mesmo a pena imortalizar numa moldura.

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