Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘O barquinho’
Na tarde que fenece,
no macio azul do rio,
navega feliz
desliza ligeiro
vai além de águas afora,
um barquinho.
Abre as pálpebras do entardecer,
desperta no silêncio ensurdecedor
a solidão.
No limiar da tarde,
debruça-se solitário às margens,
amamentado de saudades.
Na varanda do tempo,
na placidez do vento,
um lamento.
Um rumorejo dos lábios ecoa
à beira do rio silencioso.
Enfim, sob a névoa dos olhos da tarde,
o barquinho vai,
navegando vai…
Fustigado pela solidão
do eterno tempo,
vai…
Assiste o Sol que morre
no fim do dia
e vai.
Ceiça Rocha Cruz
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