Ella Dominici:
Um breve ensaio poético: Solitude em paz’
vamos conversar a solidão:
mesmo sem tudo
mesmo com todos e junto com amigos
sendo única num quarto
num encontro com família e contigo
mesmo que minhas ideias não sejam compartilhadas
que todos pertençam a outro domínio de inteligências
e que meu saber seja só meu, que minhas aliterações
pareçam a todos presunções, minhas rimas sejam
minha sina e rimem comigo…
busco rimar para um todo mesmo que não me conheça
mas que ferva e se aqueça com meus nomes
meu singelo desejo de amolecer pedra dura
apaixonar resistentes
trazer à memória, pendentes
amores engavetados em lacunas da vida
queria te deixar com saudades de me ler e me ouvir
para, em paz, dormir como se minha poesia fosse
cantiga de ninar ou excitar sonhos
partitura para se executar
uma sonata de amor,
de reconquista
e vontade de viver a vida
se o poema te transforma e tua rotina pede mais, ah!
Então
serei complacente em te retribuir
com lágrimas para teu choro, beijos para teu encontro
abraços para tua carência, reprimendas para tua consciência
fé para andar firme
pimenta para teu ardor
tão necessário para sobreviver a isolamentos,
lamentos desencantos de nossos dias
que meu poema seja canto incontinente, sem moderação
a contento de tua alma, bálsamo de alegria e emoção
ao teu lado hoje e teu anel de sempre
Só, em silêncio:
‘Deshasbilles-toi de tout’
Ella Dominici
- Soneto do mel - 18 de novembro de 2024
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, sempre tenho a impressão de que o o poema que estou publicando é o seu poema do qual mais gostei!
Às vezes, seu ‘mapa poético do tesouro’ vem com menos pistas, porém, também menos difíceis de serem decifradas, mas em ambas, o tesouro encontrado é o mais valioso do mundo!
A poesia está em um envelope que se abre, e revela as mais preciosa joia para o colo e dedos de quem se identifica, pura alegria de inefável valor!
Feliz dia dos Poetas!