Ella Dominici: Poema ‘Mulher que escreve a vida’


às 19:32 PM
Ela não escreve apenas com palavras. Escreve com a alma, com a pele, com o olhar que
atravessa as certezas e vê o mundo em camadas. A mulher que mantém o espírito
vivificado não se contenta com verdades prontas. Ela busca, questiona, relê a existência em
cada amanhecer.
Ama a literatura porque sabe que nela pulsa a essência humana — frágil, contraditória, mas
sempre em busca de sentido. Para ela, o conhecimento não é um fardo, mas um farol. Não
é um luxo, mas uma necessidade. Na sua escrita, a poesia não é enfeite, mas força, um
gesto de resistência contra o cinismo e o dogmatismo.
Ela não invalida o saber acadêmico nem se curva à frieza dos fatos. Pelo contrário, sua
inteligência é ponte, sua sensibilidade é bússola. Quer iluminar caminhos, tocar os céticos
com a beleza do verbo, suavizar a rigidez dos pragmáticos com a sutileza da metáfora.
Sabe que o autoritarismo teme a poesia porque a poesia ensina a pensar. E quem pensa,
liberta-se.
No íntimo, carrega um rio divino, uma força que transborda em gestos, em palavras, em
atos de humanidade. Tem amor-próprio sem ser vaidosa, coragem sem ser impositiva. Sabe
que a verdadeira revolução não se faz no grito, mas na palavra que cala fundo e transforma.
Ela é visionária não porque prevê o futuro, mas porque o constrói. Sua missão é conciliar,
sem abrir mão do essencial. Inspirar, sem perder a firmeza. Tocar o coração do mundo sem
deixar de lado a razão. Escrever, porque sabe que a palavra é semente e, um dia, floresce.
Ela Dominici
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, a sua habilidade literária, em versos e prosa, é extraordinária! Ler um texto como este é semelhante a estar num banquete de iguarias para seletos paladares.
Pensei em separar excertos que me impressionaram mais, porém, concluí que, ao fazer isso, estaria transcrevendo o texto todo.
Deixo, então, este trecho, como um exemplo do que é uma escrita tal um delicadíssimo bordado, que somente mãos etéreas conseguem bordar:
“Ela (a mulher que escreve a vida) não invalida o saber acadêmico nem se curva à frieza dos fatos. Pelo contrário, sua inteligência é ponte, sua sensibilidade é bússola. Quer iluminar caminhos, tocar os céticos
com a beleza do verbo, suavizar a rigidez dos pragmáticos com a sutileza da metáfora. Sabe que o autoritarismo teme a poesia porque a poesia ensina a pensar. E quem pensa,
liberta-se.
Sérgio, ter leitores atentos e envolvidos com o sentido das palavras, torna a relação mais edificante!
Muito agradecida por seu comentário,
Aproveito para parabenizá-lo por seu aniversário!