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A desunião na classe dos professores

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Fidel Fernando: ‘A desunião na classe dos professores
e os impactos na educação’

Fidel Fernando
Fidel Fernando
Imagem gerada por IA do Bing – 17 de Julho de 2025, às 16:38 AM
Imagem gerada por IA do Bing – 17 de Julho de 2025,
às 16:38 AM

Celso Antunes, na obra aludida, argumenta que o sistema educacional muitas vezes falha por não estabelecer padrões claros, perpectuando uma cultura de improvisação e falta de critério.”

A desvalorização da classe docente é um problema amplamente discutido, mas um aspecto menos explorado é a desunião entre os próprios professores, que fragiliza ainda mais a autoridade pedagógica e a eficácia do ensino. Como observa a Dra. Simone Benedetti, essa desunião manifesta-se na falta de padrões comuns de conduta dentro da escola, gerando confusão nos alunos e minando a coesão necessária para um ambiente educativo eficiente. 

Esta falta de uniformidade nas regras e métodos de ensino pode ser analisada à luz das obras de Celso Antunes (‘Escola Mentirosa’), Mário Sérgio Cortella (‘Família: Urgências e Turbulências’) e Leandro Karnal (‘Conversas com um Jovem Professor’). Enquanto Antunes critica a incoerência do sistema educativo, Cortella discute a importância de limites claros, e Karnal reflecte sobre a prática docente e a necessidade de consistência na relação professor-aluno. 

Um dos exemplos mais evidentes da desunião docente é a divergência nos critérios de correcção de actividades, provas e avaliações. Enquanto alguns professores são rigorosos, assinalando e corrigindo erros ortográficos, concordância e pontuação, outros ignoram esses detalhes, atribuindo notas sem a devida análise. Essa disparidade confunde os alunos, que não sabem ao certo o que é exigido. 

Celso Antunes, na obra aludida, argumenta que o sistema educacional muitas vezes falha por não estabelecer padrões claros, perpectuando uma cultura de improvisação e falta de critério. Se a escola não define parâmetros comuns, os alunos recebem mensagens contraditórias, prejudicando seu desenvolvimento linguístico e cognitivo. 

Outro ponto crítico é a permissividade versus rigor ou, melhor, a variação na aplicação de regras. Alguns professores proíbem o uso de corrector, incentivando a escrita precisa das palavras; outros permitem, mas com restrições; há ainda os que não se importam. Essa falta de uniformidade transmite aos alunos a ideia de que as normas são flexíveis conforme o professor, o que periga a autoridade colectiva do corpo docente. 

Mário Sérgio Cortella, no livro mencionado acima, ressalta que limites claros são fundamentais para a formação do carácter. Se na família a ausência de regras gera jovens despreparados para a vida, na escola, a inconsistência nas normas prejudica a disciplina e o respeito. 

A forma como os alunos reagem a diferentes figuras de autoridade (professores, coordenadores, funcionários não docentes) também evidencia a falta de unidade na condução disciplinar. Enquanto alguns docentes conseguem impor respeito com métodos próprios, outros enfrentam resistência dos alunos. 

Karnal, na sua obra, defende que a postura do professor deve ser firme, mas sem autoritarismo. Ele relata que a eficácia na gestão da sala de aula não depende de gritos, mas de clareza nas expectativas e consistência nas acções. Quando os professores agem de forma coordenada, os alunos internalizam melhor as regras.

Ademais, a desunião entre os professores não apenas afecta a dinâmica da sala de aula, mas também impacta o comportamento dos alunos. Quando um estudante desrespeita um professor, por exemplo, é crucial que todos os educadores intervenham de forma semelhante, reforçando a ideia de que a responsabilidade e o respeito devem ser universais. Caso contrário, a mensagem que os alunos recebem é de que existem diferentes padrões de conduta, dependendo do professor em questão.

Em jeito de conclusão, a desunião entre professores é um problema estrutural que exige reflexão colectiva. Se, por um lado, a diversidade de métodos pode enriquecer o ensino, por outro, a falta de padrões mínimos gera insegurança e indisciplina. Como sugerem Antunes, Cortella e Karnal, a solução passa por:  i) estabelecer normas claras e consensuais entre o corpo docente; ii) promover a formação contínua, discutindo estratégias pedagógicas alinhadas; iii) fortalecer a autoridade colectiva, para que os alunos encarem os professores como uma equipa coesa. 

A educação só será verdadeiramente eficaz quando os professores falarem a mesma língua, não no sentido de uniformizar pensamentos, mas de garantir coerência nas acções. Se queremos alunos disciplinados e críticos, precisamos de começar por uma docência unida e consistente. 


Fidel Fernando

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4 thoughts on “A desunião na classe dos professores

  1. Fidel, seu artigo me fez lembrr da frase de Jesus: “Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.”

  2. Meu bom mano, o espírito da reflexão ficou. Em meio a algumas questões que levanta e que levaríam-nos a umas boas discussões, destaco a pertinência da seguinte oração:

    “A eficácia na gestão da sala de aula não depende de gritos, mas de clareza nas expectativas e consistência nas acções”

    Muitos parabéns, Kota!

  3. Completamente de acuerdo la coherencia es fundamental en la acción educativa no se trata de negar el libre pensamiento sino por el contrario hacer de él Un instrumento para la evolución el pensamiento evolutivo

  4. Sinceramente, o que está escrito neste artigo, lembra-me as minhas atuações como professor. Não porque era tão rígido com os alunos, mas como profissional, atuava rigorosamente no sentido de os alunos crescessem ao rigor que a educação impõe, nomeadamente:
    Ortografia, oralidade, boa postura e confiança no uso da língua 1, Etc. Porém, sempre encontrei dificuldades no seio dos meus colegas que deixavam passar esses pormenores. Contudo, meu irmão e professor Fidel Fernando, estamos atentos.

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