Amar um só e só ser
Amei sem ser amada, amei um só e fui só. Hoje amo um outro alguém, percebo a felicidade do amor próprio ao embarcar numa explosão de amores! Fui só e amei um só, que ironia do destino! Sou feliz ao lado dele, fui triste ao perceber que não o conheci antes. Intensamente sozinha, repleta de poesia, cartas de autoamor!
Percebi que só podemos amar alguém quando nos damos o mínimo de cuidado. Danos e mais danos, existi nesta pandemia, resisti ao conhecê-lo. Amar um só e ser só, prefiro amá-lo e ter a mim. Hoje eu me tenho ao perceber que nada sou senão um resquício de mim. Quando toco a mão dele, infinitamente percebo a minha. Sou eu ao lado dele, fui nada em outros tempos! O tempo é o nada, pois respiramos momentos. E será que os números das horas são capazes de sentir o peso dos instantes?
O cinza de um tremor, existo ao notar que jamais amei um só. Apenas fui sozinha, e sendo assim fui capaz de vivenciar o invivenciável. Amar é complexo, mas eu me tenho nesta manhã. Hoje sou minha, sendo assim sou dele. Não é o inverso, entendam!
Pude sofrer, pude chorar, pude fazer, pude negar. Negando eu naufraguei nos braços de uma nova pessoa, negando eu percebo viver o momento mais bonito dos números, das horas e dos instantes, mesmo que estes não entendam o pesar disto.
E é como eu sempre digo: apesar de não me ter, eu me tenho.
Letícia Mariana
leticiamariana2017@gmail.com
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Letícia Mariana é escritora com 5 livros publicados, palestrante, criadora de conteúdo, estudante e jornalista em formação. Diagnosticada com autismo nível 1 de suporte e ativista na causa autista. Já debateu em rádios cariocas e participou de encontros virtuais internacionais.